Gerir recursos é poupar a carteira e o planeta

Gerir recursos é poupar a carteira e o planeta
Fotografia: José Arnaldo Ferreira

A criação e uso de sistemas de captação de águas das chuvas para rega das culturas é uma solução bastante eficaz para optimizar uma produção agrícola, estes sistemas permitem também aos proprietários poupar bastante em termos económicos, no entanto, esta solução apenas é viável em pequenos produtores.

Em explorações familiares é comum o uso de tanques e pequenos reservatórios que vão acumulando águas pluviais para sua posterior utilização. Contudo, estas estruturas por vezes são algo rudimentares e perde-se bastante água devido à evaporação e também por fugas nas tubagens. Existem já no mercado soluções bastante eficazes, nomeadamente os reservatórios subterrâneos que reduzem muito o problema da evaporação.

Para grandes áreas e climas áridos existem outras soluções, ainda assim uma boa manutenção dos circuitos de armazenamento e circulação de água é também um factor crítico, pois permite evitar desperdícios ocorridos em fugas. Utilizar o sistema de rega mais adequando, regar nas horas de menor calor e reduzir, assim, a evaporação da água dos solos são outras técnicas bastante utilizadas que em explorações de grandes dimensões permitem poupanças de água consideráveis.

Recorrer à agricultura de conservação, que consiste em evitar ao máximo a alteração dos solos e biodiversidade existente e também à agricultura sintrópica, que se baseia nos antigos ecossistemas virgens e integra as culturas em ambientes agro-florestais são duas soluções eficazes que permitem que a natureza faça o seu papel e reduzem bastante a utilização de água ao funcionarem como sistemas agrícolas mais independentes que os convencionais.

Devemos também ter em atenção a especificidade das culturas que vamos plantar, em zonas típicas de agricultura de sequeiro como as existentes no sul do país, onde a água escasseia bastante, não é sustentável desenvolver culturas que necessitem de quantidades enormes de água. No Alentejo temos assistido a vários exemplos de agricultura intensiva, onde culturas não adaptadas aos nossos solos e clima têm sido desenvolvidas, levando a cabo consumos exorbitantes de água que têm afectado severamente o equilíbrio ambiental da região.

Compreender os solos e gerir a energia

Uma boa gestão territorial evita um desgaste prematuro e excessivo dos solos. Antes de levar a cabo qualquer tipo de cultura, devemos analisar bem as características dos solos de modo a que cada prática agrícola seja executada em áreas e climas onde a cultura vai alcançar um maior rendimento com o menor desgaste possível do solo. Este princípio aplica-se à produção integrada e produção biológica, existindo ainda a agricultura de precisão que faz a monitorização e análise contínua dos parâmetros de produção de modo maximizar a utilização de recursos como fertilizantes, tratamentos e água.  A técnica mobilização do solo caracteriza-se pela sementeira directa num solo não lavrado e preserva a capacidade produtiva dos terrenos, deve ser combinada com a rotação das áreas de cultivo para se obter ainda melhores resultados.

A gestão da energia também é essencial, de modo a reduzir custos de produção e o impacto ambiental originado pelo transporte dos produtos, para o seu escoamento deve também ser tida em conta a proximidade da área produtiva com o mercado consumidor. Em explorações agrícolas de média e grande dimensão é sempre necessário recorrer a máquinas, reduzir o consumo de combustíveis fosseis e, consequentemente, a pegada ecológica pode ser um desafio enorme. Recentemente, têm vindo a ser desenvolvidos programas de apoio para a instalação de paneis solares nos terrenos, estes podem, por exemplo, alimentar os motores de rega ou qualquer outra maquinaria necessária à actividade. Porém, ainda existem poucas máquinas agrícolas de funcionamento eléctrico, e os produtores também apontam o dedo aos custos de aquisição e manutenção das mesmas.