Menos químicos e mais produtos biológicos

Menos químicos e mais produtos biológicos
Fotografia: José Arnaldo Ferreira

Técnicas de agricultura biológica permitem contornar o uso de produtos químicos e ainda assim obter resultados bastante satisfatórios em termos de produção. Um dos fenómenos em voga é a compostagem, ou seja, a transformação de resíduos orgânicos e restos das culturas num composto que funciona como adubo ou fertilizante dos solos e que serve como uma excelente alternativa aos fertilizantes químicos.

Os adubos provocam um fenómeno chamado eutrofização, pois os nutrientes em excesso aumentam consideravelmente o desenvolvimento de microalgas que, por seu lado, vão afectar o nível de oxigenação presente na água e a passagem de luz. Os lençóis subterrâneos são absorvidos pelos cursos de água à sua volta, assim, este fenómeno atinge inúmeros ecossistemas, em particular os aquáticos, cujo equilíbrio é essencial.

A compostagem

Um dos maiores desafios que o mundo enfrenta neste período é a sustentabilidade ambiental, por ser um processo ecológico e também económico a compostagem tem sido motivo de conversa entre várias pessoas. Este processo já não é apenas utilizado por agricultores, existindo, actualmente, a compostagem doméstica que transforma os resíduos orgânicos que produzimos nos nossos lares.

A compostagem é o processo através do qual se transformam resíduos orgânicos em composto. Para a agricultura sustentável é uma prática essencial, pois permite uma boa fertilização do solo com baixos custos e ainda respeita o ambiente. Na verdade, este processo é desde há muito utilizado por pequenos produtores que sempre aproveitaram excedentes orgânicos para fertilizar as terras. Fazer compostagem é simples basta juntar resíduos verdes a resíduos castanhos para obter um material orgânico com aspecto de terra.

Folhas secas, restos de ramos e galhos, aparas de madeira e serradura, casca de batata, erva ou relva seca são alguns dos exemplos de resíduos castanhos que podem ser utilizados. Quanto aos verdes encontramos relva fresca, restos de vegetais e frutas, borras de café, relva e erva fresca e alguns outros desperdícios alimentares.

Para criar o composto os resíduos devem repousar numa caixa de madeira, sobre galhos ou ramos para promover o seu arejamento. A estrutura deve ser colocada em cima de terra para promover a drenagem da água e a entrada de microrganismos benéficos do solo. O composto não deve ficar à chuva, nem exposto a temperaturas muito elevadas, devemos mexer o os resíduos uma vez por semana para arejamento e evitar que este fique demasiado seco ou húmido. Caso esteja seco devemos juntar resíduos verdes, se estiver húmido é só juntar resíduos castanhos.

Restos de carne e peixe, medicamentos e produtos químicos, resíduos não biodegradáveis, cinzas e excrementos de animais domésticos não podem ser utilizados na compostagem pois podem afectar a porosidade e fertilidade dos solos.

Com a participação de vários dadores de resíduos esta prática pode ser aplicada a explorações de dimensão significativa, em alguns municípios já existem iniciativas comunitárias de compostagem. Como alternativa também se encontram à venda fertilizantes naturais sem químicos adicionados.