O Zêzere e a sua ligação à Serra da Estrela

O Zêzere e a sua ligação à Serra da Estrela
Vale Glaciar do Zêzere, fotografia: Revista Descla

A Serra da Estrela e o rio Zêzere necessitam um do outro, a serra deu vida ao rio e este, por sua vez, deu vida à serra. Lugares e pessoas possuem traços marcantes da importância deste que é um dos maiores e mais valiosos rios a nascer em Portugal.

A moldar as paisagens…

Nascido em Cântaro Magro na Serra da Estrela, o Rio Zêzere começa a ganhar corpo à medida que o seu leito vai atravessando os covões de origem glaciar por ali presentes. Logo após o seu curso inicial no sítio do Covão da Ametade, o rio segue o seu caminho pelo Vale Glaciar do Zêzere.

O Vale Glaciar teve origem na última época de glaciação, há muitos milhares de anos. Com 13 quilómetros de extensão percorridos entre o maciço da Serra da Estrela e a vila de Manteigas, é um dos maiores da Europa. Impressiona pela sua grandiosidade. As formações graníticas dos Cântaros, Gordo, Magro e Raso são imponentes, o leito do rio complementa a beleza deste vale, que viu a sua forma ser moldada pela erosão proveniente do degelo outrora ocorrido.

Perto de Manteigas a Ribeira de Leandres, afluente do rio Zêzere, encontra um obstáculo ao seu curso. Como resultado origina-se uma bela cascata com cerca de 10 metros de altura. A pequena lagoa formada pela queda de água é fascinante: estamos perante o Poço do Inferno.

Todo o caminho feito pelo leito do rio enquanto este se encontra em pleno Parque Natural da Serra da Estrela é preenchido por paisagens magnificas, mas não se esperava menos de um dos locais mais deslumbrantes do território nacional. Percorrer alguns dos inúmeros trilhos pedestres é partir à aventura rumo a lugares sem igual. As opções são muitas e destacam-se os percursos integrados nos Trilhos Verdes de Manteigas e Grande Rota do Zêzere.

…moldou as pessoas

No seu caminho até à foz, ainda em plena serra, o Zêzere altera a orientação do seu percurso. Inicialmente de sul para norte, a jusante de Manteigas começa a seguir de sudoeste para noroeste, até perto de Belmonte.

As aldeias típicas da Serra da Estrela espalham-se um pouco por todo o seu território e estão perfeitamente enquadradas no cenário montanhoso. A vida dos seus habitantes é marcada pela agricultura e pastoreio, que sempre necessitaram de água.

O rio Zêzere impulsiona desde há muito quase todas as atividades dependentes de água pela encosta sul da Serra da Estrela. Para além da agricultura e pastoreio, as primeiras indústrias têxteis da região foram buscar às águas do Zêzere a força necessária para mover as máquinas de tecelagem. A indústria têxtil ainda possui extrema importância na região da Covilhã, e foi responsável pelo desenvolvimento desta cidade.