Os paladares do Vale do Côa
No interior de Portugal, a vida foi em tempos bastante dura, a agricultura dependia muito da natureza e as regras ditavam uma colheita por ano. A solução encontrada pelas populações para ter alimentos ao longo das estações, passava pela criação de animais para consumo da sua carne.
As matanças do porco eram autênticas celebrações, dias de abundância e festim. No entanto, as populações do interior cedo perceberam a necessidade de conservar a carne, e os enchidos assumiram um papel de relevo na alimentação destas pessoas. Bucho, chouriços e morcelas são hoje marcos gastronómicos dos concelhos à volta do Rio Côa. O pastoreio foi outra actividade de grande importância para a subsistência das pessoas. Os pratos de cabrito e borrego assado são iguarias a provar por estas paragens. A caça também contribuiu para a vasta oferta gastronómica, com as receitas à base de coelho bravo e javali a mereceram destaque.
As trutas, o vinho e os doces
A carne domina a gastronomia do Vale do Côa, mas, há muito mais para saborear neste território. As águas límpidas do Côa abrigam uma imensidão de trutas, tal levou à introdução deste peixe nas receitas típicas do Vale do Côa. A truta à moda do Côa é um prato muito apreciado, onde a combinação de sabores, entre o presunto e toucinho com a truta, resulta muito bem.
As serras à volta do Côa, com as suas variações de altitude e climas extremos, criaram condições propicias à produção de vinhos de paladar único. As vinhas do Vale do Côa possuem uma grande variedade de castas, nomeadamente a Síria, Fonte Cal, Malvasia e Arinto nas brancas e a Rufete, Touriga Nacional, Touriga Franca e Tinta Roriz nas castas de vinho tinto. Por esta região são produzidos néctares únicos, conhecidos pela sua qualidade, que se assumem como a companhia certa para degustar os manjares típicos da zona.
Pinhel foi eleita “Cidade do Vinho 2020” e é a maior produtora de vinho da beira interior, a distinção conquistada relaciona-se com a qualidade dos seus vinhos. Ao visitar Pinhel aconselha-se também a provar as suas famigeradas cavacas, este doce típico da cidade foi um dos candidatos às “7 maravilhas de Doces de Portugal”.
As flores de Escalhão são uma receita tradicional de Figueira de Castelo Rodrigo. Esta especialidade de massa frita, enfeitava tradicionalmente as mesas dos casamentos das pessoas mais ricas da região. Hoje em dia as flores de Escalhão assumem-se como uma iguaria tradicional e ganharam por mérito o seu devido destaque na gastronomia da beira interior.
O mel produzido nas colmeias da Serra da Malcata é um produto com características únicas, dotado de um paladar diferenciador e um aroma urze bastante agradável. Um alimento importante na região do Vale do Côa, ligado à cultura destas pessoas como atesta a célebre frase “doce mel, doce Pinhel. “