Uma em cada cinco espécies de ave da Europa está ameaçada de extinção

Uma em cada cinco espécies de ave da Europa está ameaçada de extinção
Redes de Aquacultura, Fotografia por Joaquim Teodósio SPEA

Segundo a BirdLife International que publicou, dia 14 de Outubro, a Lista Vermelha das Aves da Europa 2021, uma em cada cinco espécies de ave da Europa está ameaçada de extinção. A agricultura intensiva, sobre-exploração dos recursos marinhos, mudanças em larga-escala no uso dos terrenos, poluição de águas interiores, práticas florestais insustentáveis e desenvolvimento de infra-estruturas são apontadas como as causas do declínio das populações de aves em habitats europeus.

A lista elaborada pela BirdLife International, cujo membro em Portugal é a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), avalia o risco de extinção de 544 espécies de ave em mais de 50 países e territórios da Europa, aplicando a nível regional os critérios e categorias da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN), de “Pouco Preocupante” até “Extinta”.

Os dados usados para a elaboração deste estudo foram recolhidos por milhares de peritos e voluntários de toda a Europa. Esta é a quarta avaliação realizada pela BirdLife International, depois das edições de 1994, 2004 e 2015. As conclusões surgem na semana em que a Convenção das Nações Unidas para a Diversidade Biológica discute um novo plano para combater a crise enfrentada pela vida selvagem do planeta. 

A agricultura intensiva, mudanças em larga-escala no uso dos terrenos, práticas florestais insustentáveis e desenvolvimento de infra-estruturas afectam directamente os habitats de diversas espécies, causando problemas, nomeadamente, ao nível da nidificação. Por outro lado, a sobre-exploração dos recursos marinhos e poluição de águas interiores por actividades agrícolas e descargas urbanas afecta a alimentação e saúde das aves, levando também ao surgimento de problemas ao nível de reprodução.

Domingos Leitão, Diretor Executivo da SPEA, declara que: “Esta Lista Vermelha mostra que é possível salvarmos as aves da Europa, mas que o tempo está a acabar. É urgente agir já, a nível nacional e europeu, implementando políticas agrícolas, de pescas e de gestão de território que salvaguardem os valores naturais antes que seja tarde demais.” 

O estudo conclui ainda que aves marinhas, aquáticas e de rapina são os grupos mais ameaçados, sobretudo, devido aos seus habitats serem dos mais afectados. Cotovias, escrevedeiras e picanços, assim como, os patos e as aves limícolas também se encontram em declínio. No total 71 espécies (13%) estão ameaçadas (Criticamente em Perigo, Em Perigo ou Vulneráveis) na Europa, outras 35 espécies (6%) estão Quase Ameaçadas e 5 espécies continuam Regionalmente Extintas.

O SPEA tem realizado um trabalho extremamente positivo em território nacional. A título de exemplo, o priolo, ave que apenas existe num pequeno recanto da ilha de São Miguel, nos Açores, e que no início deste século era uma das aves mais ameaçadas da Europa, passou agora de Ameaçado a Vulnerável, graças a mais de 15 anos de trabalho da SPEA em conjunto com autoridades e populações locais e com o apoio de centenas de voluntários.  A SPEA continua também a trabalhar nos Açores, na Madeira e em Portugal continental para proteger diversas outras aves.

No nosso país, uma das maiores preocupações é a possível realização do aeroporto do Montijo, estrutura que irá afectar negativamente o Estuário do Tejo, importante local de invernação de inúmeras espécies, o que pode pôr em perigo um numero bastante elevado de aves e restantes elementos do ecossistema  em questão.