“A importância de compreender a História de Ponta Delgada para prevenir problemas arquipelágicos no futuro”
Sérgio Rezendes destaca “a importância de compreender a História de Ponta Delgada para prevenir problemas arquipelágicos no futuro”
O vereador da Câmara Municipal de Ponta Delgada, Sérgio Rezendes, marcou presença no colóquio “A Estação Francesa das Flores — 30 anos de ligação, 30 anos depois”, que se realizou de 20 a 22 de Outubro na ilha mais ocidental da Europa.
Em representação do maior Município dos Açores, Sérgio Rezendes afirmou que “o ar e o mar dos Açores continuam a ter uma importância fundamental no equilíbrio das margens do Atlântico Norte, e nas suas fronteiras mais remotas, tornando-se importante conhecer e compreender a nossa história para prevenirmos o que possa acontecer no futuro”.
Na ocasião, o responsável autárquico ainda alertou que “dada a mesma geografia e, consequentemente, as mesmas problemáticas, se estivermos atentos à nossa própria história, conseguimos verificar que em períodos de grande preocupação internacional, como a que se vive actualmente na Europa, o mar e o ar dos Açores são sempre vistos como peças relevantes na sua resolução”.
“Os Açores são uma zona privilegiada não só de passagem como também de conjugação de forças, que podem ser projectadas tanto para o leste da Europa, como para o médio oriente, num contexto que nos traz à actualidade. Tendo em conta as tensões e conflitos que existem junto à fronteira Russa e a violência em desenvolvimento no médio oriente, torna-se necessário manter atenção à posição estratégica dos Açores, dada a relevância de estruturas aéreas ou de comunicações no arquipélago, com particular relevância para Ponta Delgada e o seu porto NATO”, adiantou.
Sérgio Rezendes, como vereador que tutela a área da cultura do Município de Ponta Delgada, apresentou um conjunto de evidências e acções que decorreram no mar e ar do arquipélago, entre os anos de 1941 e 1991, algumas de grande impacto na Guerra Fria, concluindo que, “apesar da importância adormecida, continuamos a ser pontos estratégicos na fronteira entre continentes, no que concerne ao centro do Atlântico Norte e no condicionamento ao acesso ao Mediterrâneo. Rapidamente, evoco a possibilidade, durante a II Guerra Mundial de, se Gibraltar caísse sob domínio alemão, a Royal Navy constituir uma base naval – como os americanos outrora fizeram na I Guerra Mundial, no porto de Ponta Delgada. Conforme a evolução do contexto internacional, esta relevância poderá tornar-se novamente evidente – até mesmo porque já o é, em virtude de ser um porto NATO. É nesta óptica que surge a relevância deste colóquio ao abordar a implantação de uma base estrangeira, em plena ditadura, numa das mais remotas ilhas dos Açores e extremo oeste europeu, para rastreio dos ensaios do programa nuclear francês. Como a história demonstra, a tecnologia e o fim da Guerra Fria ditaram o seu encerramento mas, no que concerne a um conflito convencional, as possibilidades mantêm-se, até mesmo porque as ilhas ganharam outra relevância com a actual corrida ao espaço.
Esperemos que a história não se repita e que as tensões a leste e no médio oriente cessem, para bem dos povos e regular uso do mar e do ar dos Açores. Contudo, são eventos como este que permitem debater e consciencializar os açorianos para a sua relevância”.
O colóquio “A Estação Francesa das Flores — 30 anos de ligação, 30 anos depois” teve início com a inauguração de uma exposição sobre a Estação Francesa de Telemedidas nas Flores, no Museu das Flores, seguindo-se a partilha de conhecimentos e debate sobre a situação geopolítica nacional e internacional da época, terminando com uma ampla reflexão sobre o papel actual das Flores e dos Açores, na difícil conjuntura que se avizinha.