Bárbara Paz inaugura na Appleton a sua 1ª exposição em Portugal

Bárbara Paz inaugura na Appleton a sua 1ª exposição em Portugal
Foto: DR
Bárbara Paz inaugura na Appleton a sua 1ª exposição em Portugal

Bárbara Paz inaugura a 8 de Maio, na Appleton, "Auto-acusação", a sua primeira exposição individual

 

A actriz e realizadora brasileira apresenta ainda, no dia 9 de Maio, no Cinema Ideal, o seu filme "Babenco - Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou” que recebeu um Leão de Ouro do Festival de Veneza

 

A actriz, realizadora e produtora brasileira Bárbara Paz regressa a Portugal para inaugurar a 8 de Maio "Auto-acusação" na Appleton Associação Cultural. Esta é a sua primeira exposição individual, que reúne fotografias, vídeo, instalação e performance, e que, em 2023, esteve patente na Galeria Fonte, em São Paulo, e no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, no Rio de Janeiro.

 

Em "Auto-Acusação" a artista parte das feridas internas e externas resultantes de um acidente de viação que sofreu na década de 90, quando tinha 17 anos, para apresentar um conjunto de obras em vídeo, fotografia, instalação e performances diárias. Bárbara Paz recorre a materiais e elementos que integraram a sua vida após o acidente, como pó, vidro, ponto de sutura, cabelos e a base líquida, que a ajudaram a esconder as cicatrizes do seu rosto, e recorre ainda à performance, que o público poderá assistir diariamente. Nesta exposição, a artista tece uma narrativa sobre o próprio corpo e expõe a quantidade de “eus” que habitam a sua pele.

 

Paralelamente, no dia 9 de Maio, no Cinema Ideal, Bárbara Paz vai apresentar o documentário “Babenco - Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou”, uma estreia nacional sobre a fase final da vida do seu marido, o célebre realizador argentino-brasileiro Hector Babenco, autor de obras emblemáticas como "Pixote, a Lei do Mais Fraco" (1980) ou "O Beijo da Mulher Aranha" (1984). Este filme teve estreia no Festival de Veneza em 2019, onde recebeu o Prémio Melhor Documentário Venice Classics e foi indicado para representar o Brasil como melhor filme internacional nos Óscares 2020.

 

Em Portugal, Bárbara Paz participou no Festival Folio em 2019, onde apresentou o livro "Babenco – Solilóquio a Dois Sem Um", que reúne histórias da sua vida com o realizador e alguns poemas inéditos de Babenco. Este é o regresso de Bárbara Paz ao nosso país, cuja carreira se tem pautado pela transdisciplinaridade, trabalhando em teatro, cinema e televisão, como actriz, produtora e realizadora. Em 2013, recebeu do Ministério da Cultura a Medalha Cavaleiro 2013, Honra ao Mérito Cultural do Ministério da Cultura.

 

A exposição "Auto-Acusação" vai estar patente na Appleton até ao dia 16 de Maio, sendo que na finissage haverá uma conversa entre a artista e Luisa Duarte, crítica de arte e curadora.

 

Auto-acusação

Até 16 Maio, das 14h00 às 19h00

finissage com conversa entre a Bárbara Paz (artista) e Luisa Duarte (curadora)

 

Appleton Associação Cultural

Rua Acacio Paiva 27 rc

1700-004 Lisboa

 

entrada livre

 

Sobre Auto-Acusação

 

Há a Bárbara em carne-viva aqui. Sem a fantasia da máscara e com a verdade de suas cicatrizes. Impressas em seu corpo. Impressas em seu acontecer. Em cada uma das obras - instalações, fotografias, vídeos e palavras - expostas em sua primeira individual “Auto-acusação”, o medo de ser a Barbara é movente. Enquanto transmuta, suas memórias se activam. De outros mundos, com outras criaturas. Enquanto sangra, suas memórias se prolongam. Enquanto rasga, escorre pó de vidro por sua corrente sanguínea.

 

Um vestígio de pele na própria pele. Narrativas sobre um corpo. Rasgos que se multiplicam, se transformam, se proliferam e voltam a rasgar. Choram, soluçam, pulsam. Memórias cravadas na pele, na casa, na paisagem. Morte. Fim. Luto. Nascer. Começo. Festa. Uma nova camada se forma.

 

Bárbara e seu colectivo de indivíduos, rasgado, escancarado, do avesso. Quais as fronteiras demarcadas por cada indivíduo em seu ser-estar no mundo? Que acontecimentos nos atravessam, nos marcam, nos fazem sangrar até que essas fronteiras se desmanchem e tudo se torne um único território?

 

Seu corpo, seu rosto e cada pedaço de seu ser mais absoluto como um território político: tudo acontece e é comunicado. Um corpo que imprime no fora o rasgar constante. Um corpo que imprime no dentro o rasgar profundo.

 

É preciso desarmar os fragmentos de mundos entre si e em si mesmos para que a ebulição aconteça e permita esse diálogo entre corpo, terra e alma. É preciso chegar perto, olhar minuciosamente os poros e costurar com linhas invisíveis. É preciso cicatrizar – ou não. Uma escolha sobreposta por outra em uma pluralidade potente e dilacerante.

 

 

Biografia Bárbara Paz

 

Bárbara Paz é uma artista brasileira, actriz, directora, produtora e artista visual.

No teatro, trabalhou em mais de 25 peças, protagonizando espectáculos de Oscar Wilde a Tennessee Williams. Em 2013, pela sua trajectória como actriz, recebeu do Ministério da Cultura a Medalha Cavaleiro 2013, Honra ao Mérito Cultural do Ministério da Cultura.

 

Na TV Bárbara já participou de várias séries e novelas e apresentou por 4 anos o programa "A Arte do Encontro", no Canal Brasil, onde conversava com grandes nomes do cenário artístico brasileiro.

 

No cinema, como actriz participou de vários longas e curtas-metragens incluindo "Meu amigo Hindu", último filme de Hector Babenco ao lado de Willem Dafoe. Como realizadora adentrou o universo das curtas-metragens, produzindo e dirigindo programas e filmes.

 

O documentário “Babenco - Alguém tem que ouvir o coração e dizer: Parou” sua primeira longa-metragem que teve sua estreia no grande Festival Internacional de Veneza, ganhando o prémio de Melhor Documentário Venice Classics 2019. O filme viajou o mundo por vários festivais recebendo inúmeros prémios em países como a China, Índia e Chile. E ganhou 4 prémios no Grande Prémio do Cinema Brasileiro de 2021, incluindo Melhor Documentário e Melhor Primeira Direcção para Bárbara. O filme foi indicado para representar o Brasil como melhor filme internacional nos Óscares (93rd Academy Awards).

 

Em 2018 publicou o livro "Mr.Babenco Solilóquio a dois sem um (memórias e poemas de Hector Babenco)" pela Editora Nós.

 

Durante o isolamento social Bárbara criou um diário visual da sua solidão, através de fotos e videoarte. e realizou a curta-metragem "ATO" sobre a solidão, filmado em Ouro Preto durante a pandemia. O filme teve estreia em 2021, novamente no Festival Internacional de Veneza. O filme ganhou o Grande Otelo no Grande Prémio do Cinema Brasileiro e Melhor curta-metragem ficção 2022.

 

Actualmente Bárbara está com a exposição AUTO-Acusação, sobre suas cicatrizes.

 

Está em fase de desenvolvimento do seu próximo filme.