Fernando Calhau, 'Razão Inversa'

Fernando Calhau, 'Razão Inversa'
Imagem: Fernando Calhau

Partindo do núcleo de obras de Fernando Calhau (Lisboa, 1948 – 2002) pertencentes à Colecção de Serralves e a importantes colecções em depósito na Fundação, a exposição Razão inversa reúne um conjunto de trabalhos paradigmáticos que marcaram diferentes momentos do percurso do artista ao longo de quatro décadas, revelando, por um lado, a profunda consistência da sua prática e, por outro, a sua surpreendente ambivalência. Ancorada no rigor da arte minimal e numa profunda sensibilidade romântica, a obra de Fernando Calhau revela-se repleta de conflitos internos que lhe conferem uma complexidade invulgar, pertencendo inextricavelmente ao universo da razão e da intuição.

Fernando Calhau inicia o seu percurso pela gravura no final dos anos 1960, ainda antes de ingressar no curso de Pintura da Escola de Belas Artes de Lisboa, enunciando desde logo os principais eixos sobre os quais se desenvolveria toda a sua prática artística: o monocromatismo, a depuração formal, a serialidade, a destreza da mão e o seu apagamento, a valorização do processo e do suporte, do tempo de fazer e de olhar, da lucidez e da sombra. Integrando pintura, fotografia, trabalhos sobre papel e instalações de grande escala, Razão inversa reflecte a unidade e a tensão inerentes à obra de Fernando Calhau: apesar da sua aparente simplicidade, exige que o olhar abrande e se demore para revelar os seus enredos.

Concebida especificamente para a Galeria Municipal de Matosinhos, a exposição dá a conhecer a um público alargado a obra deste notável artista que constitui uma referência central para a comunidade artística portuguesa. Esta iniciativa integra o Programa de Exposições Itinerantes da Colecção de Serralves que tem por objectivo tornar o acervo da Fundação acessível a públicos diversificados de todas as regiões do país.