Mostra Francisco Camacho em Coimbra

Nov 2, 2022 - 09:30 Atualizado: Nov 7, 2022 - 11:10

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Fotografia: D.R.

O bailarino e coreógrafo português Francisco Camacho está em destaque na programação do Teatro da Cerca de São Bernardo nas duas próximas semanas, entre 3 e 13 de Novembro. Em conjunto com a estrutura da qual é fundador – a EIRA –, apresenta em Coimbra três espectáculos (um dos quais em estreia), três filmes, uma exposição e um workshop. O programa inclui ainda dois momentos de debate e uma oficina de construção de instrumentos musicais, dirigido pelo músico turco Berke Can Ozcan no âmbito dos Sábados para a Infância.

O programa começa com a inauguração da exposição “1982/2022 – À volta da dança: rastos e presenças”, que reúne o histórico de 40 anos de carreira do coreógrafo, com fotografias, textos, material de divulgação e objectos cenográficos. Organizada em três núcleos, a exposição, que abre no dia 3 de Novembro, às 18h30, inclui ainda um conjunto de elementos relativos ao projeto “Viagem Sentimental”, do qual resulta o espectáculo “Assemblage”, que estreará em Coimbra, no TCSB, no âmbito desta Mostra, a 4 de Novembro (19h00).

Na segunda semana da Mostra, têm lugar um workshop para estudantes e profissionais de artes performativas, em horário pós-laboral (7 e 8 de Novembro, 18h00 – 21h00) e a exibição de mais dois espectáculos: “O Rei no Exílio – Remake” (10 de Novembro, 19h00, antecedido pela exibição do filme “O Rei no Exílio”) e “The Things We Carry” (a 11 e 12 de Novembro, sábado e domingo, 21h30 e 16h00, respectivamente).

Os documentários “Gust – Os Ensaios” (que mostra o processo de criação do espectáculo “Gust”, estreado em 1997) e “Dança sem idade” (que estreia também nesta Mostra e foi impulsionado pelo espectáculo “VELHⒶS”, de 2019), são pretextos para dois debates. O primeiro acontece logo no dia da abertura da mostra, às 19h00, e conta com a participação de Francisco Camacho, de Fernando Matos Oliveira (TAGV) e de Armando Valente e de Vasco Neves (Citemor, o Festival de Montemor-o-Velho que tanto tem contribuído para a difusão e para a consolidação da dança contemporânea portuguesa e no qual Francisco Camacho tem marcado presença regular ao longo dos anos). A moderação é feita por António Augusto Barros, director artístico d'A Escola da Noite e do TCSB e fundador da Bienal Universitária de Coimbra, iniciativa que contribuiu para a divulgação da “nova dança portuguesa“ no final dos anos 80 do século XX, da qual Francisco Camacho é um dos nomes principais.

“Dança sem idade” é exibido no dia 11 de Novembro, também às 19h00, e é seguido de uma conversa com Francisco Camacho, Diego Lasio, Pia Kramer e Ana Cristina Santos.

O programa da Mostra cruza-se com os Sábados para a Infância no TCSB em dois momentos. No dia 5, a EIRA propõe uma visita guiada para as famílias à exposição patente no foyer do Teatro; no dia 12, o baterista e compositor turco Berke Can Ozcan, um dos intérpretes/criadores do espetáculo "The Things We Carry", dirige uma oficina de construção de instrumentos musicais a partir de objectos do quotidiano. A oficina destina-se a crianças a partir dos 10 anos.

Francisco Camacho
Francisco Camacho é coreógrafo, bailarino, membro fundador e director artístico da EIRA. Nasceu, vive e trabalha em Lisboa. As suas criações circulam pela Europa, América, Médio-Oriente, Ásia e África desde 1988. Foi galardoado com o Prémio Bordalo da Casa da Imprensa na área da Dança (1995 e 1997) e com o Prémio ACARTE/Maria Madalena de Azeredo Perdigão da Fundação Calouste Gulbenkian (1994/95). Coreografou e interpretou os solos ‘O Rei no Exílio’ (1991), ‘Nossa Senhora das Flores’ (1992), ‘Superman’ (2000), ‘Hitch’ (2003), ‘Coup d’État’ (2006), ‘O REI NO EXÍLIO – REMAKE’ (2013) e mais recentemente ‘E PUR SI MUOVE’ (2014).

Dirigiu as peças de grupo ‘Com a morte me enganas’ (1994), ‘Primeiro Nome: Le’ (1994), ‘Dom São Sebastião’ (1996), ‘GUST’ (1997), ‘More’ (1998), ‘À Força’ (1998), ‘Em Troca’ (2001, coreografia para a Companhia Nacional de Canto e Dança de Moçambique), ‘My Name is Wilde… Oscar Wilde’ (2001), ‘Silence so Sexy’ (2002), ‘LIVE|EVIL – EVIL|LIVE’ (2005), ‘RIP’ (2010), ‘LOST RIDE’ (2011),’ANDIAMO!’ (2012) e ‘VELHⒶS’ (2019).

Apresentou espectáculos em co-autoria com Mónica Lapa, Vera Mantero, Carlota Lagido, Herwig Onghena e Vera Mota. Colaborou enquanto coreógrafo em espectáculos de Aldara Bizarro e Sílvia Real e desenvolveu intervenções para obras e exposições de Pedro Cabrita Reis e Francis Bacon, bem como os projectos para espaços não-convencionais ‘Performers Anónimos’ (1999) e ‘Danças Privadas’ (2000).

Dançou com vários coreógrafos, destacando Paula Massano, Meg Stuart/Damaged Goods em ‘Disfigure Study’ (1991) , ‘BLESSED’ (2007), ‘All together Now’ (2009) e ‘UNTIL OUR HEARS STOP’ (2015), Alain Platel/Le Ballets C de la B em ‘Bonjour Madame, comment allez-vous aujourd’hui, il fait beau, il va sans doute pleuvoir, et cætera’ (1993) e Carlota Lagido em ‘Lilith’ (1998) e ‘Self – um auto-retrato em 39 partes’ (2004).

Ensina regularmente no Fórum Dança e em cursos de licenciatura e mestrado das Escolas Superiores de Dança e de Teatro. Orientou workshops em vários países europeus, sul-americanos, asiáticos e africanos. Estudou dança e teatro em Portugal e em Nova Iorque, nomeadamente no Merce Cunningham Dance Studio e Lee Strasberg Theatre Institute. Estudou voz com Lúcia Lemos, guionismo com Luís Falcão e escrita criativa com José Luís Peixoto.

Residências artísticas no TCSB
A Mostra Francisco Camacho retoma um dos eixos principais da programação do TCSB, iniciada em 2009 pel'A Escola da Noite e que permitiu ao público da cidade aprofundar o contacto com os percursos criativos de artistas e estruturas na área da dança e do teatro como Olga Roriz, Vera Mantero, Joana Providência, Teatro Meridional e Teatro O Bando. O convite a Francisco Camacho ocorre no âmbito da programação financiada pelos apoios da Rede de Teatros e Cine-Teatros Portugueses, que o Teatro da Cerca de São Bernardo integra desde o ano passado.

O objectivo destas residências é proporcionar ao público um contacto mais alargado do que o habitual com o trabalho de criadoras e criadores com um percurso artístico consolidado e que já pode ser objecto de uma leitura. Ao mesmo tempo, estas residências criam oportunidades aos próprios artistas para reflectirem sobre os caminhos percorridos e sistematizarem informações, documentos e processos de trabalho que contribuem para uma melhor compreensão e fruição das suas obras. A diversidade de formatos incluídos no programa (espectáculos, filmes, exposição, oficinas, conversas) e a participação de convidados nas diferentes iniciativas contribuem para esse objectivo.

Coimbra, Teatro da Cerca de São Bernardo

RESIDÊNCIA ARTÍSTICA

Mostra Francisco Camacho

EXPOSIÇÃO

1982/2022 — À volta da dança: rastos e presenças

FRANCISCO CAMACHO

3 a 13 de Novembro de 2022

quinta a sábado > entrada gratuita

DANÇA | DOCUMENTÁRIO

“GUST — Os ensaios”, de Pedro Duarte

seguido de conversa com Francisco Camacho, Armando Valente e Vasco Neves (CITEMOR) e Fernando Matos Oliveira (TAGV)

3 de Novembro de 2022