A primeira exposição antológica de António Bolota, Mão-de-Obra, com curadoria de Bruno Marchand, é apresentada, nas galerias da Culturgest, em Lisboa, de 9 de Abril a 19 de Setembro de 2021.
Num espaço cuja arquitectura foi modificada de forma a moldar-se às obras escolhidas para esta Mão-de-Obra, a exposição acompanha de perto alguns momentos do percurso de António Bolota desenvolvidos nos últimos 15 anos. Dá a conhecer várias obras de grande escala, confrontando o público com vivências de dúvida, surpresa, perigo ou incredulidade.
Uma oportunidade de ver ou rever peças fundamentais no percurso do artista, reconstruídas para esta exposição, bem como de conhecer trabalho inédito criado especificamente para o espaço da Culturgest.
Muito do trabalho do artista parte de uma sensibilidade apurada do espaço e do modo como nele nos comportamos. Mais exactamente, dos elementos que estruturam os espaços que habitamos e que condicionam o modo como vivemos, interagimos e nos comportamos.
Muros, vigas, paredes, pilares, telhas e todo o tipo de elementos que associamos ao universo da construção civil e que, de tão familiares, se tornam frequentemente invisíveis, fazem parte do universo escultórico de António Bolota. O que não é, de todo, familiar ou provável é o modo como o artista nos dá a ver estes elementos, frequentemente deslocados dos seus usos, dos seus locais, da sua escala e dos seus formatos habituais.
Como refere Bruno Marchand - programador de artes visuais da Culturgest e curador da exposição - "de certo modo, podemos dizer que as obras de António Bolota são como dispositivos analógicos de realidade aumentada. A sua função é criar as condições para que o aparentemente banal nos confronte com o impossível e nos ponha a lidar com a vertigem que se produz sempre que os nossos olhos veem algo que o nosso corpo não pode crer".