Abertura do FÓLIO – Festival Literário Internacional de Óbidos
Em final de mandato, Humberto Marques, presidente da Câmara Municipal de Óbidos, inaugurou o FOLIO – Festival Internacional de Literatura de Óbidos, recordando esta “aventura”, iniciada há seis anos, que levou a bom porto com o anterior presidente, Telmo Faria, e com José Pinho, curador do FOLIO Mais e editor da Ler Devagar.
“O segredo de Óbidos tem sido a vontade de nos desafiarmos, fazermos disrupções e de vencermos os impossíveis”, afirmou Humberto Marques. O autarca considerou que o “verdadeiro timoneiro” do evento foi José Pinho, por ter aberto livrarias em Óbidos, quando outras estavam a fechar, e ter “inundado a vila de literatura”.
“Foste sempre uma vitamina para a equipa que me acompanhava e que achava que tinha de levar para a frente esta estratégia”, disse o presidente do Município, dirigindo-se ao editor da Ler Devagar, cuja missão é preparar o FOLIO Mais, após a restante programação estar fechada.
Humberto Marques manifestou ainda satisfação por o FOLIO ter regressado, após um ano de paragem, devido à pandemia. “Volvidos parece que 100 anos, tempo que nos distanciou uns dos outros, fez com que sentíssemos a vontade e o desejo de estarmos próximos uns dos outros”, observou. “Quis o destino que fosse o FOLIO o primeiro evento, desde o início da pandemia, que nos unisse à volta do que é o mais importante nas nossas vidas: a literatura.”
A propósito da escolha do tema o Outro para a edição de 2020, que teve de ser cancelada, o autarca considerou que não podia ter sido mais oportuno. “Temos uma capacidade transcendente e visionária para o que pode vir a acontecer”, comentou. “É um tema que procura ser o palco da discussão, do encontro, da apresentação de livros e da discussão de temas contemporâneos.”
Após cinco edições, Humberto Marques considera que o FOLIO contribuiu para o País se unir e discutir matérias mais importantes. “Foi a partir daqui que criou as disrupções transfronteiriças, conseguiu internacionalizar a literatura e outras artes performativas”, sublinhou.
José Pinho agradeceu a Humberto Marques e à Câmara Municipal de Óbidos por ter acolhido “esta ideia louca”. “As pessoas do Município e da Óbidos Criativa envolveram-se de tal maneira na realização do FOLIO, no Latitudes e noutras coisas, o que faz com que tudo funcione. Isso dá um grande descanso a quem tem de promover e dirigir um evento desta natureza”, afirmou.
O editor da Ler Devagar destacou ainda o facto de, este ano, haver editores que quiseram ter uma “participação muito maior”. Aproveitou ainda para anunciar que, no dia 23, vai haver mais uma sessão, que não estava prevista: a apresentação de um livro do escritor moçambicano Mia Couto.
“Se há coisa humana mais mágica é a palavra. O livro sagrado começa a dizer que o princípio é o verbo. Óbidos está na festa da palavra”, disse Francisco Madelino, presidente da Fundação Inatel, entidade que promove os concertos de músicos portugueses. “Para um amante dos movimentos da filosofia da linguagem, continuo a achar que é no estudo do discurso e na palavra, no que ela traz escondida, que está a melhor forma de interpretar os sentimentos. Este percurso já está feito. Agora, é consolidá-lo.”
Francisco Madelino destacou o concerto de Mário Lúcio e de Teresa Salgueiro. “Pegamos na palavra musicada com a música e é nestas fusões que está a grande riqueza do mundo e dos diálogos interculturais”, defendeu. “Se querem combater o racismo é com o livro e com as viagens”. O presidente do Inatel referiu ainda que o mundo mudou muito e a prova disso é que Bob Dylan recebeu o Nobel da Literatura, como podia ter sido atribuído a Leonard Cohen.
Presidente da Fundação Millenium BCP, António Martins Monteiro considerou fundamental entender o Outro e disse que a escolha deste tema foi premonitória. “Sempre me impressionou a forma como se promoveu o festival em Óbidos. Este apoio enobrece a Fundação”, afirmou.
Informações em obidos.pt e foliofestival.com.