Ana Santos com obras inéditas na exposição Colecção Primavera-Verão

Ana Santos com obras inéditas na exposição Colecção Primavera-Verão
Fotografia: Daniel Malhão

Colecção Primavera-Verão é uma viagem ao universo da artista portuguesa - que se move no território da escultura - com a demonstração de obras inéditas, apresentada na Culturgest, em Lisboa, de 20 de Maio a 10 de Setembro. A inauguração da exposição realiza-se no dia 19 de Maio, às 22:00, com entrada livre.

A prática artística de Ana Santos está ligada, desde muito cedo, à apropriação de objectos encontrados que são submetidos a operações de manipulação simples, isentas de qualquer espécie de mestria técnica, num processo de descoberta intuitivo, atravessado por acasos e contingências.

A exposição Colecção Primavera-Verão reúne uma selecção alargada de cerca de 30 obras do trabalho que artista produziu nos últimos sete anos, incluindo 5 obras inéditas e cerca de 11 obras que nunca foram mostradas em Portugal.

Nos últimos anos, o trabalho de Ana Santos conheceu uma inflexão importante: as suas obras, que eram criadas a partir de um exercício virtuoso e sensível de combinação entre objectos e materiais pobres, muitos deles encontrados e recontextualizados, passaram a incorporar elementos industriais como tubos, condutas, escapes e outras peças congéneres, que lhe exigem um trabalho de concepção mais paulatino e planeado. Ao mesmo tempo, o que antes eram uma espécie de objectos litúrgicos, dotados de um certo poder evocativo, passaram a apresentar-se como corpos: entidades crípticas e miscigenadas que, no entanto, não perderam essa capacidade de encontrar a plenitude na convivência prostética das suas partes.

Desde 2017, o seu trabalho conheceu novos desenvolvimentos de ordem formal, mas também operativa, corporizados, num primeiro momento, numa extensa família de obras estruturadas a partir de elementos tubulares de PVC de alta densidade ou de aço inox.

Nestas obras, não procura encontrar diferentes possibilidades para objectos distintos com qualidades expressivas, mas explorar soluções variáveis para um objecto indiferenciado e inexpressivo que se mantém constante de uma obra para outra.

Combinando o elemento tubular, por vezes multiplicado, com fios de poliéster ou meias-canas de PVC, ou integrando peças funcionais como braçadeiras e parafusos enquanto adornos que animam as superfícies, Ana Santos procura encontrar variações subtis que evidenciam as diferentes posturas destas “figuras” em “cena”.

Igualmente, a cor também assume um papel importante no trabalho da artista nos últimos anos: nas obras tubulares, a cor é trazida pelos fios de poliéster ou pela pintura lacada que reveste a superfície dos tubos ou as meias-canas do mesmo material; noutras, nomeadamente nas que incorporam componentes de tubos de escape, a técnica de pintura lacada é usada para revesti-las inteiramente de uma só cor; e noutras ainda, a cor pode ser dada pelo próprio material.

Esta exposição abrange a expansão do leque de possibilidades exploradas pela Ana Santos nos últimos anos numa viagem pelas mais recentes produções, sem deixar de procurar os anteriores vislumbres da sua génese.

Os bilhetes custam 5€ e a exposição pode ser visitada de terça a domingo, das 11:00 às 18:00. Informação sobre a bilheteira e todos os descontos aqui.

 

Sobre Ana Santos

Nasceu em Espinho em 1982. Vive e trabalha em Lisboa. Licenciada em Escultura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, participou em 2006 no Curso de Artes Visuais do Programa Gulbenkian Criatividade e Criação Artística, tendo em seguida feito Projecto Individual no Ar.Co e a residência artística do ISCP em Nova Iorque. Foi vencedora do Prémio EDP Novos Artistas em 2013. Em 2018, realizou uma exposição com Belén Uriel no Museu de Marinha, em Lisboa; e em 2020, mostrou o seu trabalho ao lado do de Wolfgang Stoerchle no Ampersand, em Lisboa. De entre as exposições colectivas em que participou, refiram-se: The Lulennial: A Slight Gestuary, Lulu, Cidade do México, 2015; Au sud d’aujourd’hui: art contemporain portugais, Fondation Calouste Gulbenkian, Paris, 2015; Conversas: arte portuguesa recente na Coleção de Serralves, Museu de Serralves, Porto, 2016; Colecção de Serralves: aquisições recentes, Museu de Serralves, Porto, 2018; A musa em férias, Casa-Museu Guerra Junqueiro, Porto, 2019; Um oásis ao entardecer, MAAT, Lisboa, 2020; Panorama Madrid 01, Centro Centro, Madrid, 2022; Ninguém. Só eu, Centro de Arte Oliva, São João da Madeira, 2022; Les Péninsules démarrés, FRAC Nouvelle Aquitaine – MÉCA, Bordéus, 2022; Itinerarios XXVII, Centro Botín, Santander, Espanha, 2022.