“Cartazes de Propaganda Chinesa” e “Omocha. Brinquedos Rituais Japoneses” são as duas exposições que o Museu do Oriente dá a conhecer, de 19 de Agosto a 4 de Setembro, no Porto, no âmbito do programa Oriente nas Virtudes, organizado pela Cooperativa ÁRVORE.
Pertencentes à colecção Kwok On da Fundação Oriente, quer os cartazes de propaganda chinesa, quer os brinquedos japoneses, oferecem duas perspectivas singulares sobre a sociedade e cultura dos respectivos países – China e Japão –, a sua história recente e tradições, ritos e valores intemporais.
Produzidos entre 1959 e 1981, os cartazes de propaganda chinesa constituem um documento histórico do período que vai do Grande Salto em Frente e da criação das Comunas Populares ao fim da Revolução Cultural. Seleccionados de um total de 200, os 33 cartazes expostos ilustram os temas mais correntemente abordados à época, como a glorificação do presidente Mao e dos heróis comunistas, a prosperidade da economia, a luta contra o imperialismo, a felicidade do povo e o poder do exército.
Com tiragens de dezenas de milhares de exemplares, estes cartazes, cujo objectivo era o de mostrar ao povo o caminho a seguir, viam-se em todo o lado e faziam parte do quotidiano dos chineses. Na sua maioria, anteviam o futuro radioso da China comunista, com o super-herói Mao a conduzir o país à felicidade e à glória. Paradigmáticos do design da época, apresentam também um interesse estético que a função de propaganda política não pode, naturalmente, escamotear.
A apresentação está organizada em núcleos alusivos às diversas temáticas utilizadas na propaganda política deste período: Mao Zedong e os Heróis da Revolução Comunista; a Luta de Classes; as Políticas do Partido Comunista Chinês; as Pinturas de Ano Novo; Cultura popular e diversidade étnica da China e as Lutas Revolucionárias Internacionais.
A segunda exposição é dedicada aos omocha, os brinquedos rituais japoneses. Não existe, nas línguas ocidentais, tradução exacta da palavra “omocha”, que quase sempre traduzimos por brinquedo. A tradução é, contudo, enganadora. Estes objectos destinam-se a crianças, mas também a adultos. Omocha também significa “objecto tradicional” que, embora com uma função lúdica, representa divindades, monstros, seres lendários, homens ou animais, saídos do folclore, dos rituais e da arte populares e está, sobretudo, ligado a crenças religiosas, de origem xintoísta e budista.
São usados para a brincadeira, mas também como amuletos da sorte, objectos que protegem crianças e adultos de maleitas, recordação de peregrinações e símbolos de festividades anuais e locais, muito vendidas em santuários e templos, e amplamente conhecidas e adquiridas. Concebidos a partir de materiais tão diversos como a madeira, argila, pedra, papel, palha ou tecido, reúnem tradições estéticas e técnicas, e revelam-nos as identidades social e religiosa dos japoneses.
Os omocha existem desde tempos remotos, havendo mesmo documentos do período Heian (794-1185), que comprovam que, por exemplo, o jogo de sugoroku (uma espécie de Jogo da Glória), era já muito popular. Todavia, os brinquedos que hoje encontramos são, na sua maioria, do período Edo (1603-1867) ou réplicas destes. A sua produção é gigantesca e representa um recurso económico que não pode ser menosprezado. Alguns são fabricados indiferentemente na totalidade do território japonês, outros originários de regiões ou lugarejos específicos. O Ano Novo é a época em que se compra o maior número de omocha. A raridade dos omocha mais antigos não se deve, única e exclusivamente, à fragilidade dos seus materiais, mas antes, ao facto de grande parte destes ser queimada ou lançada aos rios todos os anos, para levarem com eles os malefícios que visam combater, atingindo assim, plenamente, a sua função protectora. Um simples sininho pode trazer boa sorte, divertir uma criança, representar um herói e atrair o interesse de um coleccionador.
Além de exposições, o programa Oriente nas Virtudes integra música e workshops, bem como a realização de um mercado oriental, entre outras atividades desenvolvidas com as comunidades japonesa e chinesa, com o objetivo de promover um maior conhecimento da cultura oriental nas suas mais variadas representações.
A ÁRVORE - Cooperativa de Actividades Artísticas é uma Instituição de Utilidade Pública da cidade do Porto, sem fins lucrativos que, desde 1963, tem vindo a afirmar-se no panorama cultural nacional pelos relevantes serviços prestados no apoio e dinamização da Cultura e das Artes, contando no seu historial com uma série de iniciativas nacionais e internacionais.