Aquilino Ribeiro, o seu velho Morris e a chapa identificativa

Aquilino Ribeiro, o seu velho Morris e a chapa identificativa

Na década de 1930, Aquilino Ribeiro morava em Cruz Quebrada, na zona de Lisboa, e conduzia um “Morris” nas suas deslocações pelo país fora. Desses tempos e desse automóvel restou a chapa identificativa que, cravada no Morris, levava o nome do escritor e o de duas terras - Cruz Quebrada e Moimenta da Beira - nas andanças que fazia para todo o lado.

Foi Aquilino Machado, neto do autor de “Terras do Demo”, que nos fez chegar a imagem dessa chapa, escrevendo: “A curiosidade encontra-se de nela referir a Cruz Quebrada e a terra sentimentalmente mais chegada da Beira Alta: Moimenta da Beira”. E lembra-nos a matrícula: AD-36-83.
Outra curiosidade pode (e deve) aqui partilhar-se, ainda sobre o velho Morris. É que foi nele que Aquilino Ribeiro terá tomado contacto, pela primeira vez, com Paredes de Coura, onde sua esposa, Jerónima Dantas Machado, herdou propriedades em Romarigães, entre as quais a Quinta da Senhora do Amparo, a fonte de inspiração do seu romance "A Casa Grande de Romarigães".
 
Dessa estreia, lembra o blogue, criado no âmbito do projecto pedagógico alusivo à Implantação da 1ª República, realizado em parceria com o Arquivo Municipal de Paredes de Coura: “Mas foi dois anos mais tarde, em 1935, que Aquilino Ribeiro chegou no seu carro, um Morris, acompanhado por um conterrâneo, Raúl Gomes Aparício [conservador e director do Arquivo Distrital de Viseu] dirigiu-se a Moledo para levar a sua esposa e o seu filho que estavam lá a passar férias, numa casa de veraneio de Bernardino Machado. Seguiram todos para Paredes de Coura, onde ficaram hospedados no Palacete de Mantelães pertencente ao avô da esposa, Conselheiro Miguel Dantas, sito em Formariz, uma freguesia do concelho de Paredes de Coura. Nesse dia, o escritor Aquilino tomou contacto com Paredes de Coura pela primeira vez. Esta terra evocou-lhe a Beira onde ele nasceu”.