As artes (já) andam na rua com a agenda da programação de Maio a Agosto d’A Oficina

As artes (já) andam na rua com a agenda da programação de Maio a Agosto d’A Oficina
Fotografia: D.R.

A nova agenda de programação d’A Oficina, relativa ao período de Maio a Agosto, já se encontra disponível em vários locais da cidade de Guimarães e região envolvente. Se a encontrarmos no café ou na pastelaria que habitualmente frequentamos, podemos agarrar a oportunidade de a consultar e ficar a conhecer, em primeira mão, a programação dos próximos meses do Centro Cultural Vila Flor, do Centro Internacional das Artes José de Guimarães, da Casa da Memória, do Espaço Oficina, entre outros equipamentos culturais da cidade. São variadíssimas as propostas: do teatro à música, passando pelas artes visuais e tradicionais, conjugadas em diversificados momentos e formatos (de fruição, aprendizagem, pensamento), que prometem abraçar-nos com toda a força que a arte nos oferece. 

No primeiro fim de semana de Maio, o Centro Cultural Vila Flor recebe a mais recente criação de Beatriz Batarda. Construído com um grupo de alunos do ensino artístico, “C., Celeste e A Primeira Virtude” é um espectáculo que pretende contribuir para o debate honesto sobre a liberdade, o papel da arte, do amor e do poder que se instala nos vários ismos – machismo, racismo, fascismo – e outras manifestações do medo. No fim de semana seguinte, 13 de Maio, é a vez de Tó Trips apresentar, ao vivo, no palco do CCVF o seu novo álbum, “Popular Jaguar”, um disco de mistérios, silêncios e situações bem concretas do quotidiano, numa tessitura de acordes dolentes e notas que cortam com tudo aquilo que possa soar superficial. Segue-se, a 19 de Maio, a estreia absoluta de “O Meu Amigo H.”, uma produção do Teatro Nacional 21, com encenação de Albano Jerónimo e Cláudia Lucas Chéu. Criado a partir do texto de Yukio Mishima (1925-1970), “O Meu Amigo H.” conta com um elenco de peso composto por Pedro Lacerda, Rodrigo Tomás, Ruben Gomes e Virgílio Castelo.  

As primeiras semanas de Junho estão reservadas para a realização de mais uma edição dos emblemáticos Festivais Gil Vicente, cujo programa decorre de 1 a 10 de Junho e será anunciado muito brevemente. Em Junho, destaque, ainda, para a programação da Educação e Medicação Cultural d'A Oficina que recebe a estreia de “eRrAdO”, o novo espectáculo da Plataforma285, criado por Raimundo Cosme. Destinado aos mais pequenos a partir dos 3 anos de idade, “eRrAdO” terá várias sessões destinadas às escolas da região e ainda uma sessão dedicada às famílias no dia 17 de Junho.   

A cereja no topo do bolo chega a 4 de Julho, com um concerto único em Portugal de Arooj Aftab. Primeira cantora e compositora paquistanesa a vencer um Grammy, Arooj Aftab flutua entre o minimalismo clássico e a nova era, poesia devocional sufi e trance electrónico, estruturas de jazz e estados de puro ser. O crescente sucesso do seu trabalho tem sido particularmente notório desde o lançamento do mais recente álbum “Vulture Prince” que, para além de figurar nas principais listas de melhores álbuns de 2021 e apresentações no Tiny Desk e KEXP, lhe valeu ainda um Grammy. Nesta sua nova digressão, Arooj Aftab faz uma única paragem em Portugal, em Guimarães, para brindar o público do CCVF com um concerto que promete ser memorável. 

Merecedoras de visitas continuam a ser também as mais recentes exposições do Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG). Recordamos que o principal centro dedicado às artes visuais em Guimarães tem actualmente patentes duas novas exposições: “Interminável”, de Artur Barrio (n. 1945) – figura chave na arte contemporânea que ocupa um lugar central na história da arte brasileira – com curadoria de Luiz Camillo Osorio e Marta Mestre, e “Fabriqueta”, de Eduardo Matos (n. 1970), com curadoria de Inês Moreira. As mostras de Artur Barrio e Eduardo Matos somam-se, assim, à exposição permanente de trabalhos e as colecções de José de Guimarães, "Heteróclitos: 1128 objectos", exposição que ocupa todo o piso 1 do museu e que expõe a totalidade da colecção do CIAJG, composta por arte africana, europeia, pré-colombiana e chinesa antiga, e obras de José de Guimarães.   

O dia 18 de Maio será particularmente especial no CIAJG. O centro abre as suas portas e convida todos a participar num conjunto de actividades gratuitas, especialmente preparadas para o Dia Internacional dos Museus. A data será assinalada com diversas visitas orientadas, oficinas para famílias, uma masterclasse e um concerto comentado de António Jorge Gonçalves e Filipe Raposo, que convidam a uma plena fruição deste espaço. Em Julho, destaque ainda para as Oficinas de Férias de Verão, habitualmente organizadas pela Educação e Mediação Cultural d'A Oficina. Este ano, estas actividades destinadas aos mais pequenos decorrerão no CIAJG através de uma parceria da Wolf & Rita com a FICA – Oficina Criativa. Serão cinco dias de oficinas de experimentação de múltiplas técnicas artísticas, como a serigrafia, a cerâmica, a gravura e o bordado. 

No Palácio Vila Flor, a exposição colectiva “A Prática do Infinito Pela Leitura” mantém-se até ao dia 10 de Junho, dando lugar a “Breu”, da dupla de artistas Daniel Moreira e Rita Castro Neves, cuja inauguração está agendada para 1 de Julho. Em “Breu”, os artistas chamam a si a possibilidade de mostrar a partir do escuro para continuar a sua busca sobre como representar o que está do lado de fora, na imensidão do território. A exposição evoca a confusão dos tempos – do andar, do estar e do fazer, e os contornos fluidos e enublados do mundo.  

Depois de uma primeira sessão muito participada, a Casa da Memória recebe a segunda incursão dos “Colóquios Simples”, de Alexandre Gamela. A 16 de Junho, vamos conhecer um pouco melhor a História da Ciência Botânica e perceber como dependemos dos avanços que nos proporciona para compreender um mundo com cada vez menos plantas. Os “Colóquios Simples” são conversas acessíveis e abertas que procuram dar uma outra perspectiva sobre Ciência e sobre as plantas, das exóticas às que fazem parte do nosso dia a dia e que, frequentemente, ignoramos. Os também muito concorridos “Domingos na Casa” regressam a 18 de Junho com mais uma oficina de olaria inspirada pela Cantarinha dos Namorados que promete animar a manhã de domingo das famílias vimaranenses. 

Antes da pausa lectiva, a exposição permanente da Casa da Memória volta a receber as peças artísticas criadas pelas crianças do “Pergunta ao Tempo”, um projecto anual de investigação e de criação artística patrimoniais. Em todas as edições, a partir dos núcleos temáticos da Casa da Memória, as 14 turmas do 4º ano do 1º ciclo do concelho de Guimarães desenvolvem um trabalho de investigação sobre o património local, em estreita relação com as famílias, as comunidades e o território e, no final do ano lectivo, são expostos os resultados desse processo, numa exposição que invade e renova o espaço museológico da Casa da Memória. 

Outra renovação irá também acontecer na exposição dedicada a Alberto Sampaio que se encontra na Loja Oficina, situada na Rua Rainha D. Maria II. Antero de Quental nutria uma amizade fraternal com Alberto Sampaio, desde os seus tempos de estudante em Coimbra. No dia 23 de Junho, num tributo a essa forte amizade, a Loja Oficina renova a exposição dedicada a Alberto Sampaio que se encontra naquela que é a sua casa de nascimento. 

A programação do quadrimestre que se avizinha enriquece-se, ainda mais, com a participação do Teatro Oficina que, no biénio 2023-2024, tem direcção artística de Mickaël de Oliveira. Depois terem sido lançadas 4 open calls cujas respostas superaram todas as expetativas, o Teatro Oficina apresenta – naquele que é o seu principal espaço de trabalho: o Espaço Oficina, localizado na Av. D. João IV – vários ensaios abertos, entre Maio e Julho, no âmbito do seu programa ‘Criação Crítica’. 

Destaque, ainda, para as apresentações de final de ano das turmas das OTO - Oficinas do Teatro Oficina e para os “Encontros de dramaturgia” que acontecerão nas terças-feiras 16 de Maio, 13 de Junho e 11 de Julho. “Encontros de dramaturgia” é uma plataforma de encontros entre dramaturgos, escritores e curiosos que se estende em duas edições, a primeira orientada por Patrícia Portela e a segunda por Rui Pina Coelho. Os autores convidados oferecem assim um processo de criação em partilha, entre sessões de leituras participativas, escrita criativa, e outros momentos abertos a todos os públicos, onde serão lidos textos, em voz alta, que têm acompanhado e dão forma aos novos trabalhos literários para teatro de Portela e Pina Coelho. 

Em Julho, Mickaël de Oliveira vai estar também no Espaço Oficina a ensaiar a sua primeira criação para a companhia. “Ensaio técnico”, assim se irá chamar, é inspirada no próprio pressuposto do novo projecto artístico para o Teatro Oficina, que privilegia a criação artística nos seus processos de partilha. O actual director artístico da companhia propõe assim construir uma ficção que reflicta sobre os desejos, as dificuldades, as felicidades, o desespero, o trânsito de ideias que animam a criação de um espectáculo de teatro, mergulhando o espectador em muitas inquietações artísticas, sociais e políticas ao longo de um ensaio de teatro inventado e conturbado. “Ensaio técnico” será apresentado em Outubro, no mesmo espaço. Até lá, há muito para ver e participar em todos os equipamentos culturais geridos e programados pel’A Oficina. Procure a nova agenda que já se encontra nas ruas ou, se preferir, consulte a versão digital em www.aoficina.pt.