100 anos após o seu nascimento, recordemos Saramago - “As melhores ondas da Europa”

100 anos após o seu nascimento, recordemos Saramago - “As melhores ondas da Europa”
Fotografia: Francisco Correia

A peculiar freguesia de Curral das Freiras, situada num vale profundo, mais parece a cratera de um vulcão, mas o formato resulta da ação erosiva. O nome da vila vem de algo que terá ocorrido por volta de 1560, quando as freiras do convento de Santa Clara encontraram aqui o abrigo ideal para se esconderem dos corsários franceses luteranos que invadiram a ilha e saquearam a cidade do Funchal. A freguesia não é visível do mar e só tem um acesso de carro, por uma estrada serpenteante que vem da capital madeirense.

Estamos quase a chegar ao topo da Madeira, mas ainda passamos pelos municípios da Ribeira Brava, assim chamada por ter uma corrente de água que atravessa a vila e se manifesta num caudal rebelde, e da Calheta, onde fica a Sociedade de Engenhos da Calheta, onde podemos ver a maquinaria usada no fabrico de aguardente e do mel de cana-­de-­açúcar – essa planta que tão importante foi no desenvolvimento da Madeira –, bem como saborear o tradicional bolo de mel, acompanhada de poncha, bebida típica da ilha. E se aqui estamos é obrigatório visitar mais duas freguesias do concelho: os Prazeres, onde há uma quinta pedagógica que acolhe diversos animais, alguns exóticos, e tem um jardim com plantas aromáticas e medicinais; e o Jardim do Mar, local de estrema beleza e em tempos coberto de flores silvestres e que é muito procurado por surfistas em busca das “melhores ondas da Europa”.

O clima ameno das ilhas da Madeira e de Porto Santo permitem todo o tipo de atividades desportivas e de ar livre em qualquer época do ano. Para os amantes do mar, além do surf há mergulho, vela, windsurf e pesca desportiva, ou um simples passeio de barco ao longo da costa na companhia de baleias e lobos­marinhos. Os que procuram emoções mais fortes podem sobrevoar a ilha de parapente ou asa­delta, descobrir o interior das montanhas em canyoning ou escalar os picos mais altos. E para quem quer, acima de tudo, tranquilidade, nada melhor do que os passeios a pé, o trekking e o golfe – no Machico fica um dos mais espetaculares campos da Europa, o Club de Golf Santo da Serra, com vistas deslumbrantes para as montanhas e o mar. Seja qual for a escolha, no final podemos retemperar forças com um excelente prato de marisco, lapas grelhadas, bifes de atum, ou, para quem preferir a carne, espetada de vaca em pau­de­louro, acompanhada de milho frito e do típico Bolo-­de-­Coco com manteiga d’alho, sempre embalados pelo célebre vinho da Madeira.

Eis que entramos na Ponta do Sol, o concelho mais quente da ilha da Madeira e onde o sol brilha por mais tempo e que registou um grande desenvolvimento nos últimos anos, tendo sido construídas unidades hoteleiras de elevada qualidade. A vila de Porto Moniz, que agora alcançamos, esteve muito tempo isolada do resto da ilha. Só após a 2ª Guerra Mundial foi construída a emblemática estrada até São Vicente, escavada na rocha e ocasionalmente atravessada por quedas de águas que seguem para o mar. Também isolada esteve Santana, mais adiante: as típicas casinhas com teto de colmo são um bom exemplo da inacessibilidade por terra ou mar. É neste concelho, Reserva da Biosfera da Unesco desde 2011, que fica o Pico Ruivo, o ponto mais alto do arquipélago, com 1862 metros, assim como os Picos das Torres e de Areeiro, com 1851 e 1818 metros, respetivamente.