Évora enche-se de hip hop no arranque do festival Artes à Rua 2022

Évora enche-se de hip hop no arranque do festival Artes à Rua 2022

A 4.ª edição do festival de todas as artes e culturas abre com a estreia de REVOADA, um espectáculo que une a cantora moçambicana Lenna Bahule e RAIA, o projeto-síntese do músico alentejano António Bexiga, num encontro entre as histórias, memórias e tradições do Alentejo e da África Austral. Os dois dias seguintes, 29 e 30 de Julho, são inteiramente dedicados às expressões artísticas urbanas. O Bairro, com curadoria de Rui Miguel Abreu, leva à capital alentejana os sons do hip hop com performances de DJs, gravações ao vivo de programas de rádio e podcasts, poetas e artistas de spoken word e concertos.

Na sexta-feira, 29 de Julho, há DJ sets de DJ SIMS (14h30) e M3DUSA (23h30). DJ SIMS é natural de Évora e membro fundador do colectivo Sistema Intravenoso, já partilhou palco com os nomes mais sonantes do hip hop português e tem a sua assinatura em inúmeros projectos nacionais, seja em beats ou em scratch. M3DUSA são Inês Abreu, Inês Condeço e Mónica Caldeira, o trio feminino de DJs que surgiu em 2019 com a missão de promover e celebrar a música das artistas femininas e queer e contribuir para uma cena DJing mais plural dentro do nosso país.

No mesmo dia, o Jardim Público acolhe ainda as apresentações de spoken word de Alice Neto de Sousa e NERVE e dois concertos imperdíveis. O primeiro concerto, une Perigo Público e Sickonce (21h30). Perigo Público é Élton Mota, um veterano de Quarteira e dono de uma das mais conscientes vozes do hip hop. Sickonce é o alter-ego com que o portimonense Rafael Correia assina as suas produções. Juntos, assinaram Porcelana, um dos mais importantes e originais trabalhos do rap português dos últimos anos.

O segundo concerto fica a cargo de Ana Tijoux, uma das figuras chilenas da sua geração com maior relevo internacional. A artista que conquistou um Grammy Latino em 2014 e foi nomeada para o prémio outras seis vezes, apresenta Antifa Dance, o seu último trabalho, repleto de ritmos urbanos que não esquecem as suas raízes, como as árvores que conquistam o seu espaço entre o asfalto das cidades. Nele, Ana Tijoux regressa ao rap, à palavra, e à luta antifascista tão necessária nos nossos dias. O programa de 30 de Julho inclui as gravações ao vivo de programas de rádio e podcasts – Tape Delay de DarkSunn e Rimas e Batidas de Rui Miguel Abreu com Capicua – e concertos de Mazarin + Amaura (21h30), M.A.C. + Blasph (22h30) e Gijoe 23h30).

O programa de 30 de Julho inclui as gravações ao vivo de programas de rádio e podcasts – Tape Delay de DarkSunn e Rimas e Batidas de Rui Miguel Abreu com Capicua – e concertos de Mazarin + Amaura (21h30), M.A.C. + Blasph (22h30) e Gijoe 23h30).

Os Mazarin são um quarteto de jazz pouco convencional que encontrou um espaço de liberdade entre o jazz e o hip hop contemporâneo, a que adicionaram uma pitada de música electrónica. Actuam com Amaura, cantora afrodescendente autodidacta que se tornou na voz por excelência do soul e r&b cantados em português.

Os M.A.C. (Missão a Cumprir) são a veterana dupla de Almada composta por TNT e Kulpado. Com um álbum de estreia homónimo lançado em 2005, e que marcou uma geração, o colectivo regressa com um novo disco, Sem Título. Junta-se à festa Blasph, um dos mais respeitados rappers nacionais e conterrâneo da Margem Sul. Depois de esgotarem a icónica sala Incrível Almadense, esta dupla apresentação vem até ao Alentejo mostrar o que de melhor se anda a fazer no hip hop português. Por último, o DJ set de Gijoe encerra as apresentações d’O Bairro.

No domingo, 31 de Julho, o destaque vai para o concerto a solo de Lenna Bahule, que apresenta o seu mais recente álbum MCIKA, num concerto intimista que inclui temas autorais a capella e músicas recheadas de cânticos nativos moçambicanos, e para Mão Verde II, um projeto que faz as delícias dos mais novos. Com um novo disco e agora em quarteto, Capicua, Pedro Geraldes, Francisca Cortesão e António Serginho convidam verdes e maduros a dançar como se ninguém estivesse a ver, enquanto aprendem mais sobre as ervas, as borboletas, a fruta da época e tudo o que tem a ver com a natureza.