M.Ou.Co. e Universidade de Aveiro calibram saúde auditiva dos músicos
A exposição diária e continuada a níveis sonoros excessivos, fruto do desempenho profissional, coloca os músicos na linha da frente das pessoas com maior probabilidade de virem a desenvolver problemas auditivos. Mas existem boas práticas que atenuam os riscos. Para dar conta disso mesmo, e com o Dia Mundial da Audição (3 de Março) em fundo, os departamentos de Música e Saúde do M.Ou.Co. e de Comunicação e Arte da Universidade de Aveiro (UA) dinamizam no próximo dia 8 de Março (quarta-feira) uma palestra dedicada à saúde auditiva dos profissionais de música.
Na tribuna da iniciativa, que decorre no Auditório do Complexo de Ciências da Comunicação e Imagem da UA, a partir das 15h00, estará a especialista em audiologia Katya Freire, que é membro do Fórum Mundial de Audição da Organização Mundial de Saúde. O diagnóstico, a prevenção e os cuidados auditivos que os músicos devem adoptar, para se protegerem e garantirem - na peugada - a qualidade das suas performances, são as linhas de força da sessão.
O primeiro Relatório Mundial sobre Audição, lançado em 2021 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), estimava que um quarto da população global viverá com algum grau de perda auditiva em 2050, e que, a manter-se o actual cenário de prevenção e tratamento deste tipo de perda, pelo menos 700 milhões de pessoas precisarão de acesso a cuidados auditivos e outros serviços de reabilitação.
Na região europeia, a OMS considera que vivam actualmente 196 milhões de pessoas com um certo grau de deficiência auditiva. Se mais nada se fizer para contrariar a tendência, serão 236 milhões em 2050.
Este quadro fez a OMS lançar um alerta. E além de enfatizar que mais de mil milhões de pessoas entre 12 e 35 anos correm o risco de perder a audição devido à exposição em excesso à música alta, a Organização lançou a Norma Mundial para uma Audição Segura em ambientes e eventos sonoros.
“Ear and Hearing Care for All! Let's make it a reality” é o mote da campanha deste ano, que, uma vez mais, vem acompanhada das seis recomendações que a Organização Mundial da Saúde avançou para limitar o risco de perda auditiva, preservar o som de alta qualidade e, paralelamente, pugnar por uma experiência auditiva agradável: não ultrapassar a média máxima de 100 decibéis; monitorizar os níveis de som através de equipamento calibrado por especialistas; optimizar a acústica e os sistemas de som para garantir qualidade e segurança; disponibilizar protecção auditiva individual para o público, incluindo instruções de uso; criar acesso a zonas de silêncio para as pessoas descansarem os ouvidos e diminuir o risco de danos auditivos; e, por último, fornecer formação e informação aos funcionários.
Em média, avalia a OMS, o governo de cada país pode ter um retorno de quase 15 euros por cada euro que for investido nos esforços de minimização do impacto auditivo.
A participação na palestra sobre a saúde auditiva dos profissionais de música é gratuita, mas é necessária uma inscrição prévia (que deverá ser direccionada para o e-mail flora.vezza@mouco.pt).
Complexo cultural e, ao mesmo tempo, hotel com uma especial predilecção pelo universo musical, o M.Ou.Co., recorde-se, dispõe de uma Clínica da Performance, que vai ao encontro das dores dos músicos, fundamentando-se em princípios da ergonomia e das ciências da performance. A unidade é coordenada por Flora Vezzá, especialista em Fisioterapia Preventiva e Ergonomia, membro do núcleo de Investigação & Desenvolvimento da Escola Superior de Saúde de Santa Maria, enquanto pesquisadora internacional convidada.