As intervenções arqueológicas que estão a decorrer, desde o final de Julho, no âmbito da obra de criação de percursos acessíveis no Castelo de Palmela, permitiram confirmar a utilização do espaço da antiga Igreja de Santa Maria como necrópole.
Este estudo possibilitará, pela primeira vez, traçar um pequeno retrato sobre as características de uma franja da população de Palmela da época a que se reporta.
Tratando-se de uma obra com intervenção directa num imóvel classificado como Monumento Nacional, o Município de Palmela teve o cuidado de assegurar o respectivo acompanhamento arqueológico. Os trabalhos têm enfoque no adro da antiga Igreja de Santa Maria, onde vai ser instalada uma escada rampeada, criando um novo acesso.
Documentação escrita de 1510 refere que, no adro desta Igreja, se praticavam enterramentos. As intervenções arqueológicas vieram confirmar a utilização deste espaço como cemitério da população de Palmela.
Das cerca de quatro dezenas de enterramentos exumados até ao momento (cronologicamente delimitados entre o século XVIII e os séculos XV/XVI), as/arqueólogas/os do Museu Municipal confirmaram tratar-se, efectivamente, de população natural da antiga vila (homens e mulheres de várias idades). Nota-se uma forte presença de crianças de muito tenra idade, própria da alta taxa de mortalidade que era comum nos primeiros anos de vida de então.
Todas as inumações respeitam os rituais associados às práticas cristãs. Os objectos associados são muito raros, normalmente, rosários ou terços, botões, crucifixos ou moedas, embora a maioria não tenha qualquer objecto, dada a condição social das pessoas que eram enterradas no adro.
Para além das/os arqueólogas/os, os trabalhos de campo têm contado também com a presença de uma antropóloga. Atendendo ao bom estado de conservação da maioria dos enterramentos, o posterior trabalho laboratorial feito pela antropologia vai permitir obter ainda mais informação sobre a antiga população de Palmela, nomeadamente, ao nível da estatura, alimentação, doenças ou deformações causadas pelo trabalho.
Esta intervenção arqueológica tem também despertado o interesse e a curiosidade das/os turistas que visitam o Castelo.
A empreitada para a criação de percursos acessíveis no Castelo de Palmela, num investimento de 356.700€, tem como objectivo melhorar as acessibilidades deste Monumento Nacional e garantir a circulação de todas/os as/os cidadãs/ãos sem limitação de barreiras físicas. A obra é cofinanciada pelo POR Lisboa 2020 e está inserida na candidatura CAFA - Castelos e Fortalezas da Arrábida.