Ópera nacional “O Homem dos Sonhos” no Teatro Viriato
Depois das sessões do Met Opera, o Teatro Viriato volta a receber uma extraordinária produção de ópera, já no dia 11 de Fevereiro, às 21h00. Neste caso, a ópera de câmara “O Homem dos Sonhos”, com música e libreto do compositor António Chagas Rosa, um dos mais relevantes compositores portugueses da actualidade.
Inspirado na matéria dramática e visionária da obra de Mário de Sá-Carneiro, a partir do seu canto homónimo, esta produção conta com a interpretação da reconhecida soprano portuguesa Catarina Molder no papel principal. A de um misterioso e elegante homem (o alter-ego do poeta), aquele que dominava os sonhos.
Esta ópera constrói-se em 7 cenas, sempre intercaladas por interlúdios instrumentais e foi escrita para uma soprano com uma poderosa expressão dramática, o “alter-ego” do poeta que encarnará o próprio homem dos sonhos, barítono - o narrador (poeta) e um ensemble instrumental de 10 músicos.
Com uma temática sempre visionária e intemporal pelo que tem de evasivo e por resumir por um lado a eterna insatisfação humana e a sua contínua obsessão em transcender os seus limites. Limites de tempo, de espaço, de corpo e de género. Por outro lado, o fascínio premonitório e estruturante do próprio sonho, já que é ele afinal que modela e guia o ser humano na sua marcha existencial, enquanto sociedade global e enquanto individuo. Tudo o que somos já foi porventura sonhado e transformado em matéria visível.
O libreto desta ópera é escrito pelo próprio compositor António Chagas Rosa a partir do conto homónimo “O Homem dos Sonhos”, de Mário de Sá-Carneiro, escrito em 1913, em Paris, cidade onde o poeta residiu nos últimos anos da sua vida e onde viria a suicidar-se prematuramente em 1916, com apenas 25 anos. Enquanto texto literário contêm alguns elementos estéticos típicos do simbolismo e do futurismo, sempre com uma grande intensidade dramática, preparando de alguma forma aquilo que será o modernismo e que terá exercido uma poderosa influência sobre Fernando Pessoa, e onde surgem tópicos como o sonho, o devaneio e a loucura.