"Páginas do Diário" de Ildebranda Martins na Biblioteca dos Coruchéus em Lisboa

"Páginas do Diário" de Ildebranda Martins na Biblioteca dos Coruchéus em Lisboa
Foto: DR

ILDEBRANDA MARTINS 

BIOGRAFIA ARTÍSTICA DE ILDEBRANDA MARTINS

 

"Sou portuguesa nascida em Angola em 1965, sou artista plástica e curadora de arte. Os meus trabalhos artísticos actuais são basicamente instalações, muitas delas assentes em manequins e a sua utilização como matéria-prima artística nos últimos anos (2008-2022), decerto, está relacionado com a minha necessidade crescente de criar ambientes cinéfilos e teatrais, em que a fantasia e a realidade se fundem e em que o sonho se torna realidade e vice-versa. Embora me considere uma autodidacta, desde há muito que me estreei na Pintura e na Arte Plástica. A minha arte é pretensiosa e visa despertar consciências, não assenta na noção de que deve ter uma mera utilidade decorativa, mas sim na ideia de que deve, sempre que possível, causar sensações, originar exclamações, gerar pensamentos nos outros.

 

Actualmente, além de artista, sou também curadora na GALERIA BELTRÃO COELHO, um projecto de responsabilidade social, onde se procura proporcionar aos artistas condições favoráveis para exporem e divulgarem o seu trabalho sem contrapartidas financeiras, e que servisse de incubadora para parcerias culturais. Também sou autora de dois projectos colectivos, um relacionado com o universo feminino (“MULHERES COM ARTE”), que junta seis mulheres que amam muito e de forma igual a arte, mas que se manifestam artisticamente de forma muito diferenciada (escultura, pintura, cerâmica, ourivesaria, instalações), e outro, com o africano (“UNIVERSO AFRICANO”), que junta vários artistas de origem africana para narrar, através da sua criatividade, a história de uma mulher, “ISABEL BATATA DOCE”, cuja vida, em parte, simboliza a presença Portuguesa em África.

 

Recentemente fundei, em conjunto com mais dois artistas. o colectivo “UP Creators” cujo objectivo inicial era a de juntar artistas de origem Ucraniana e Portuguesa, mas que actualmente e na sua estreia em exposição alargou os horizontes e se tornou universal."

 

PROFISSIONAL: vs ARTÍSTICO

Embora a carreira artística não seja refém da profissional e vise versa, nós somos um todo, uma manta de retalhos que, juntos faz um pano, um todo. Nesse sentido julgo que posso mencionar o meu percurso profissional associado ao artístico. Iniciei a minha carreira profissional como administrativa e secretária na comunicação social (Revista mensal), posteriormente exerci atividade na área da saúde, passei ligeiramente pelo equipamento hoteleiro, pelas madeiras e aglomerados, para mais tarde e por fim envolver-me no universo comercial dos brinquedos e do vídeo jogos.

 

Despertei para os manequins nesta empresa de brinquedos, em virtude do grupo à qual pertencia a “Concentra” incluir uma outra dedicada a roupa de desporto. Comecei a visualizá-los mentalmente com outro destino, um mais vivo e apelativo. Em 2008 apresentei pela primeira vez um manequim sobre tela numa bienal de arte, em que o processo de selecção era rigoroso.

 

O sentido de comunidade, a fluidez no discurso, a necessidade de organizar e planear advém desse percurso profissional em empresas. A assistência comercial foi a função que exerci durante mais tempo, a que mais monopolizou a minha atenção e despertou o gosto pelas relações-públicas e a área comercial, o que facilita o meu trabalho na Galeria Beltrão Coelho, da qual sou curadora.

 

Não há dúvida que neste projecto da Galeria Beltrão Coelho, consegui juntar a experiência profissional com alguns conhecimentos artísticos que acumulei ao longo dos anos. A Curadoria da galeria passa pela gestão das candidaturas ao espaço expositivo, selecção dos artistas, organização das exposições, promoção nas redes sociais, criação e manutenção da lista de endereços de e-mail, conservação do imobilizado, criação do material de divulgação como o catá-logo e os cartazes promocionais, logística relacionada com as montagens e desmontagens, atendimento do publico e relações publicas no exterior.

 

TEMA - PÁGINAS DO DIÁRIO 

Como gosto de temas generalistas e de abranger todos os meus olhares numa exposição, a tendência é para incluir nos espaços expositivos obras que espelham os meus mais diversificados pensamentos. Para um artista plástico, um pintor, um escultor, um ceramista as suas obras são páginas do seu Diário, são sinónimos de reflexões, frutos de pensamentos e correspondem quase sempre a momentos de introspecção sobre si, o mundo que o rodeia, o mobiliza, o que cria anticorpos, em contraste, o anima e concede-lhe energia para viver e transmitir mensagens. Há os que criam também para se sustentarem e a pressão para ajustar a sua arte às exigências do mercado, cada vez mais vocacionado para o decorativo, faz com que as suas obras nem sempre estejam de acordo com o que sentem, desejam ou pensam, mas não deixam de ser páginas do seu diário porque fazendo parte do seu dia a dia é o reflexo da sua vida, das suas necessidades, do seu sustento, não tanto emocional, mas mais real. A arte também ajuda a tecer críticas mais educadas, mais indirectas e subtis ao universo. É uma escrita que nem todos conseguem ler mas faz parte de processos de mudanças de mentalidade.

 

LOCAL DA EXPOSIÇÃO

Complexo Municipal dos Coruchéus
Biblioteca dos Coruchéus

 

O Palacete dos Coruchéus está localizado numa zona residencial, em pleno bairro de Alvalade.

 

A história do edifício remete para o séc. XVIII e para a Quinta dos Coruchéus, propriedade de uma família minhota ligada à produção de vinho alvarinho. Mas uma lenda mais antiga indica o rei Filipe II como o responsável pela sua construção, com o intuito de ali alojar uma das suas concubinas.

Actualmente, funciona neste espaço a Biblioteca dos Coruchéus, inaugurada a 23 de abril de 2013.

O espaço dispõe de três grandes lareiras, um sótão, uma sala multiusos, que pode ser reservada de forma gratuita para iniciativas da comunidade, e um jardim circundante com um quiosque que serve bebidas e refeições ligeiras.

 

À volta, nos terrenos da antiga quinta, foi construído o Complexo Municipal dos Coruchéus que inclui 50 ateliers municipais, uma galeria de arte - Galeria Quadrum, e o espaço cultural Coruchéus - Um Teatro em Cada Bairro.

 

A construção deste complexo veio colocar o palacete na rota do mundo das artes plásticas, trazendo para a sua vizinhança, ao longo dos anos, artistas de várias áreas que ali têm desenvolvido a sua obra. Dos serviços da biblioteca destacam-se a promoção da leitura, das literacias e do acesso ao conhecimento, com a disponibilização de colecções documentais para consulta local ou domiciliária e a realização de formação de aprendizagem não formal.”