Património cultural municipal estará disponível em roteiros virtuais
O vereador do Município de Ponta Delgada, Sérgio Rezendes, durante o I Colóquio Internacional do Património e Turismo Militar, que se realizou em Angra do Heroísmo de 12 a 15 de Julho, apresentou publicamente o “plano de roteiros digitais do património cultural, à guarda do município, que está a ser desenvolvido pela autarquia”.
“É um projecto que já passou da fase do papel e da pesquisa nas fontes. Neste momento, preparamo-nos para realizar o levantamento do património sob jurisdição do poder local, arrolando-o em fichas de inventário, ponto de partida para a criação do ‘lettering’ associado a cada imóvel, num futuro roteiro em QR code e posterior classificação em património de interesse municipal, em Assembleia Municipal, protegendo-o para as gerações vindouras”, adiantou o responsável autárquico.
Sérgio Rezendes explicou ainda a pertinência deste anúncio, referindo que no decorrer deste processo, “diferentes temáticas serão analisadas, desde a arte aos serviços agrícolas, passando pela componente militar com destaque pelo existente e pelo requisitado à população, por exemplo, na II guerra mundial. O arrolamento a 24 freguesias, visa assegurar a viabilidade do património cultural do concelho, incluindo a identificação, documentação, pesquisa, preservação, protecção, promoção, valorização e transmissão, essencialmente através da educação formal e não formal, bem como a revitalização dos diferentes aspectos desse património sob a forma de roteiros em português, inglês e alemão. A vinda a este colóquio teve também como objectivo, enquadrar Ponta Delgada junto do crescente turismo militar nacional, apontando as linhas orientadoras de um projecto de ambiciona reconstituir os dispositivos militares nas freguesias, independentemente da sua natureza logística e operacional no âmbito da defesa ou vigilância, numa dinâmica inclusa ao município, às freguesias ou interfreguesias”.
O vereador da Câmara Municipal de Ponta Delgada também não perdeu a oportunidade de afirmar que “todo este trabalho não seria possível sem uma profunda pesquisa em arquivos e bibliotecas, complementado agora com a imprescindível colaboração das juntas de freguesia e organizações como as Forças Armadas. Trata-se de um processo vasto, gradual e laborioso, dividido em diferentes fases, a começar pela identificação e valorização do edificado assim como da documentação que lhe dá autenticidade e veracidade, a incluir nos roteiros disponibilizados em site camarário e acessíveis por localização GPS e QR code”, referiu.
“Através do QR code, os interessados poderão aceder não só a registos fotográficos do património, desde um simples fontanário a um ninho de metralhadoras, disponibilizado numa primeira fase e de forma simplificada, em site camarário. Se for do interesse do visitante saber mais, haverá a possibilidade de via link, aceder a uma ficha de inventário com maior informação e bibliografia”, clarificou.
Como responsável pela área da cultura e da educação do Município, Sérgio Rezendes também reconheceu que “este é um projecto complexo, ambicioso e prolongado, havendo a possibilidade de dar formação a grupos de agentes culturais interessados em executá-lo no terreno. Contudo, a sua maior relevância é a preservação do património, da história, identidade e memória do concelho de Ponta Delgada, pelo que se trata de uma iniciativa prioritária na acção camarária”.
Ainda no decorrer do colóquio no Núcleo de História Militar Manuel Coelho Baptista de Lima, o representante do Município de Ponta Delgada partilhou, a convite da organização, os seus conhecimentos sobre “O Legado Imaterial das Forças Armadas na Educação dos Povos: o caso açoriano entre 1896-1945”, apresentando com especial ênfase, os contributos de unidades militares sediadas em Ponta Delgada, caso dos Regimento de Infantaria n.º 26 ou da Bateria n.º 2 de Artilharia de Montanha, na evolução da história das mentalidades sobre higiene, limpeza, saúde e conduta social - ou para com a natureza, dos que nos antecederam, aquando da obrigatória passagem pelas fileiras, replicando o que em 1912 se dizia: se “o soldado observar na vida militar todos estes preceitos, deve continuar a praticá-los mais tarde na vida de paisano”, transmitindo-os no regresso a casa, aos nossos antepassados.