Exposição "From Nature to all of us"

Exposição "From Nature to all of us"
Foto: DR

From Nature to all of us é uma oportunidade para conhecer melhor o trabalho de Hélder Luís, dedicado à investigação da essência intangível da “natureza”, materializado ao longo dos anos em diversos projectos, alguns dos quais ainda por concluir. Como o título sugere, as fotografias nesta exposição são apresentadas como um presente da natureza para todos nós, um convite à contemplação e reflexão sobre a nossa relação com o universo natural que nos envolve e do qual fazemos parte.

 

A palavra “natureza” acaba por ser uma ilusão linguística que nos engana ao sugerir uma separação entre nós e o mundo natural. Quando falamos de “natureza”, tendemos a imaginar florestas, oceanos e montanhas como entidades distintas e exteriores a nós. No entanto, esta distinção é artificial e ingénua, pois tudo é natureza. Nós somos natureza.

 

Esta palavra, ao criar uma barreira imaginária, distancia-nos desse todo do qual fazemos parte. A verdadeira essência da natureza não reconhece fronteiras entre o humano e o não-humano. Cada ser vivo, cada elemento, desde o menor grão de areia até às vastas galáxias, é uma expressão da mesma força vital que nos anima.

 

Ao utilizar a palavra “natureza”, corremos o risco de nos esquecermos que não somos apenas observadores externos. Bem pelo contrário, todos nós somos participantes ativos de um ecossistema maior do qual fazemos parte. A beleza e a harmonia do universo residem precisamente na ausência de separação, na unidade subjacente a toda a existência.

 

Para os seguidores do taoísmo, uma tradição filosófica chinesa antiga, a natureza é a concretização do Tao, a essência primordial que flui de maneira harmoniosa e que equilibra o universo.

 

Reconhecer esta união subjacente a toda a existência é fundamental para uma relação mais profunda e respeitosa com o mundo que nos rodeia. No entanto, na nossa sociedade moderna, observamos uma constante erosão do belo. Esta erosão manifesta-se na forma como tratamos o ambiente, como se fosse algo alheio a nós e que podemos simultaneamente explorar e destruir impunemente.

 

A industrialização e o consumismo desenfreado têm contribuído para a degradação daquilo que é naturalmente belo. As florestas, que outrora se estendiam imponentes e intocadas, são agora cortadas e reduzidas a sombras do que foram. Os oceanos, vastos e misteriosos, estão repletos de plástico e poluição, sufocando a vida marinha que neles habita.

 

A beleza natural, que devia ser venerada e protegida, é muitas vezes vista como um recurso a ser usurpado para benefício económico. Esta visão utilitarista do mundo natural ignora a sua intrínseca beleza e o seu valor espiritual. Em vez de aceitarmos que fazemos parte de um todo, posicionamo-nos como dominadores, como senhores de um reino que, na verdade, nunca poderemos controlar.

 

Esta erosão do belo estende-se também às relações entre os seres humanos. Na busca incessante pelo progresso e inovação, demasiadas vezes negligenciamos a simplicidade e a profundidade das interações pessoais genuínas. A tecnologia, embora tenha o poder de nos unir, muitas vezes afasta-nos, criando barreiras invisíveis entre nós.

 

A mais-valia deste projeto não reside necessariamente na perfeição estética ou técnica da fotografia, mas sim no impacto provocada em mim e no impacto que alguma destas imagens, aparentemente triviais, possam causar a quem as contemplar.

 

Na realidade, a beleza está em todos nós e em tudo o que nos rodeia. Se nos permitirmos, por um momento, parar e respirar fundo… ela tornar-se-á aparente.

 

A exposição estará aberta ao público até 9 de Agosto.

 

Biblioteca Municipal Rocha Peixoto

Rua Manuel Lopes

4490-664 Póvoa de Varzim

Portugal