A torre que é um miradouro

A torre que é um miradouro
Fotografia: C.M de Penamacor

Acabadas as guerras, Penamacor viu a sua fortaleza ser destruída, pedra sobre pedra.

 

Entramos em Penamacor à procura do velhinho castelo medieval, quase desaparecido. A sua construção terá começado nos finais do século XII. Impõe-se, desde logo, a majestosa Torre de Menagem, erguida no reinado de D. Dinis, assim como a muralha. A entrada, acima do solo, exigia o uso de uma escada amovível. No século XVIII, um raio atingiu o paiol junto ao edifício, fazendo-o deslocar-se dois palmos e causando uma explosão que destruiu as construções vizinhas.

A fortaleza mudou muito nos séculos seguintes. Logo em 1568 edificou-se a Casa da Câmara, assente sobre a antiga Porta da Vila, que controlava quem entrava e saía da povoação. Décadas depois, as muralhas foram reforçadas e parcialmente reconstruídas, no âmbito das Guerras de Restauração, e edificaram-se seis baluartes ao redor da antiga fortificação medieval.

Já fora dos muros, encontramos o belo Pelourinho e, mais abaixo, a igreja de São Tiago, o principal tempo de Penamacor. Muito perto fica o antigo quartel militar, que lembra o importante passado histórico de Penamacor como Praça de Armas e onde se instalou o Museu Municipal. Somos atraídos pela monumental escadaria, pela qual acedemos ao esplêndido Jardim da República. Caminhamos mais um pouco até ao convento de Santo António, relíquia arquitectónica do século XVI, cujo interior, decorado em talha dourada, impressiona pela riqueza artística e carga simbólica.

Findas as guerras, Penamacor viu a sua fortaleza desaparecer. No século XIX a sua pedra começou a ser usada para construções privadas e, aparentemente, ninguém se apôs. Seria preciso esperar pelo século XX para que os habitantes da vila percebessem o dever de conservar o seu património. Há alguns anos a Câmara Municipal de Penamacor requalificou a Torre de Menagem, transformando-a num miradouro e espaço museológico. No cimo do monumento, a luneta permite uma vista de 360 graus. Contemplamos Monsanto, considerada a “aldeia mais portuguesa de Portugal”, e as serras da Gardunha, Estrela e Malcata. Nesta última foi criada uma reserva para proteger o felino mais ameaçado do mundo, o lince-ibérico.