Visitas nocturnas
As gravuras paleolíticas foram bastante patinadas pelo tempo e isso, aliado às frequentes sobreposições de motivos – técnica muito usada na arte paleolítica –, torna-as difíceis de ver e interpretar, daí que os horários das visitas sejam escolhidos em função da melhor luminosidade natural. Os sítios da Canada do Inferno e da Ribeira de Piscos são visitados apenas durante a manhã, quando os painéis são iluminados pela luz solar mais ou menos rasante. Já os painéis da Penascosa, na margem direita do rio, encontram-se à sombra durante a manhã, pelo que este sítio é visitado apenas de tarde. Se é difícil ver as gravuras de dia, podemos pensar que a noite nunca seria uma opção. Mas a verdade é que o PAVC também organiza visitas nocturnas. O guia incide uma luz forte em posição rasante sobre as gravuras para criar efeitos de luz/sombra e assim consegue realçar os motivos gravados, fazendo-os “emergir” da superfície da rocha. Além disso, destaca determinados motivos em relação a outros, “isolando-os” na aparente confusão criada pelas sobreposições intencionais de motivos.
Qual o significado, a intenção destas gravuras? Ainda hoje os investigadores não conseguem dar uma resposta definitiva. “Decerto a marcação territorial de uma área considerada vital, envolvendo a água e o rio como entidades que contribuíram para identificar estes lugares como sítios de potenciais hierofanias [manifestações do sagrado]”, revela a Comissão Nacional da Unesco.