"Astrakan 79" de Catarina Mourão

"Astrakan 79" de Catarina Mourão
Foto: DR

O filme "Astrakan 79", realizado por Catarina Mourão e produzido pela Terratreme Filmes, vai estrear nas salas de cinema a 11 de Julho, juntamente com a curta-metragem "O mar enrola na areia".

 

Em "Astrakan 79" acompanhamos Martim Santa Rita, que depois do 25 de Abril de 1974, foi, como muitos jovens portugueses, estudar para a União Soviética, uma sociedade que, aos olhos de muitos militantes comunistas portugueses, cumpria com todos os seus ideais. Hoje, aos 58 anos, Martim confessa que deixou de acreditar no ideal comunista e que isso não foi um processo fácil.

 

"É um filme sobre a educação ideológica e a sua falência e sobre a forma como as convicções dos pais são incutidas nos filhos, que por sua vez as questionam no presente. Neste filme continuo a explorar a temática dos segredos de família e tabus que vão atravessando gerações, neste caso reflectindo o contexto político português de 1974 até aos nossos dias. Continuo a tentar entender as questões ligadas à passagem da memória entre gerações e à verbalização de afectos entre pais e filhos.", afirma Catarina Mourão.

 

"Astrakan 79" teve estreia mundial no festival suíço Visions du Réel em 2023 e em Portugal, estreou no IndieLisboa onde recebeu o Prémio de Melhor Realização e posteriormente no Melgaço International Documentary Film Festival, onde arrecadou o Prémio Jean-Loup Passek para Melhor Documentário Português.

 

Este documentário vai ser apresentado juntamente com "O mar enrola na areia” (Menção Menção Especial do Júri da Competição Nacional no IndieLisboa 2019), uma curta-metragem realizada por Catarina Mourão a partir de imagens de arquivo de família, sobre um personagem misterioso que vagueava as praias portuguesas durante o Estado Novo, e que vivia da caridade dos banhistas.  

 

No dia 28 de Junho, às 14h30, no ICA, em Lisboa, vai realizar-se um visionamento desta sessão para a imprensa portuguesa.

 

Pode ver o trailer neste LINK

 

Martim recorda hoje, aos 58 anos, a estadia de um ano e meio na União Soviética em 1979. Tinha 15 anos e era um miúdo “inocente”. Os pais, militantes do Partido Comunista, achavam que ele ia para um sítio seguro, uma sociedade que cumpria com todos os seus ideais. Martim viajou para Moscovo, atravessou de comboio o delta do Volga até Astrakan numa viagem iniciática. Apaixonou-se várias vezes, largou os estudos, tornou-se clandestino. O ideal comunista incutido pelos pais foi-o perdendo pelo caminho. Quarenta anos depois, Martim decide, neste filme, contar pela primeira vez esta história ao seu filho, uma história que foi sempre um tabu de família.

 

COM Martim Santa Rita, Masari, Mateus M Santa Rita 

REALIZAÇÃO Catarina Mourão 

DIRECÇÃO DE FOTOGRAFIA E CORRECÇÃO DE COR Paulo Menezes aip 

SOM Armanda Carvalho 

MONTAGEM Pedro Mateus Duarte 

DIRECÇÃO DE PRODUÇÃO João Gusmão 

ASSISTÊNCIA DE REALIZAÇÃO Vasco Costa, Francisca Alarcão 

CHEFE DE PRODUÇÃO Anastassia Kortsinskaja 

MONTAGEM DE SOM E MISTURA Hugo Leitão 

DESIGN Francisca Alarcão

 

“O Homem do apito" era um personagem que vagueava as praias portuguesas durante o Estado Novo, e que vivia da caridade dos banhistas. De barbas brancas e fato preto ou branco atraía crianças com o seu apito ao pescoço e contava-lhes histórias. A partir de vários filmes de família construí um retracto ficcional deste personagem misterioso e através dele quis explorar o espaço sensorial da praia.

 

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