"Esta é, sem dúvida, uma tradição que queremos recuperar" - Filipe Daniel, presidente do município

"Esta é, sem dúvida, uma tradição que queremos recuperar" - Filipe Daniel, presidente do município
Foto: DR

Filipe Daniel, presidente do Município, na abertura da exposição “Linhas com histórias que guardam memórias”:

 

“Esta é, sem dúvida, uma tradição que queremos recuperar em Óbidos”

 

Cerca de 500 peças de bordados e tapeçarias, produzidas por mais de 50 artesãos do concelho, dão vida à exposição “Linhas com histórias que guardam memórias - Bordado de Óbidos”, patente até ao próximo dia 1 de Setembro, no Museu Abílio de Mattos e Silva.

 

A mostra, um regresso ao passado e à origem do bordado obidense, “é uma manifestação clara da nossa identidade, da nossa história, e de uma arte tão bonita como é o Bordado de Óbidos”, referiu esta segunda-feira Filipe Daniel, presidente do Município de Óbidos, durante a abertura da exposição.

 

“Esta é, sem dúvida, uma das tradições que queremos reforçar e recuperar em Óbidos, e à qual queremos dar mais notoriedade”, afirmou o autarca, acrescentando estar já a trabalhar-se para a obtenção da respetiva certificação.

 

Arte assegurada no concelho por apenas quatro artesãos, o Bordado de Óbidos representa “o nosso património maior que são as pessoas”, salientou, na ocasião, Pedro Luís, um dos responsáveis pela vertente histórica e de investigação da exposição, que não quis deixar de enaltecer o apoio inexcedível do Município de Óbidos e da comunidade para que esta mostra se concretizasse.

 

Meses de preparação e de estudo

 

Os três pisos pelos quais se distribuem as 500 peças de bordados e tapeçarias resultam de cerca de três meses de estudo e de contacto com familiares de artesãos e de bordadeiras (actualmente dispersos por vários pontos do país), e eternizam o trabalho de Maria Adelaide Ribeirete que, em 1951, começou a estudar um bordado que fosse criado em Óbidos, para Óbidos, e para as suas gentes.

 

O ponto de partida foram alguns dos elementos que compõem os tectos da Igreja de Santa Maria, retirados com um espelho ao colo e vertidos para o papel, para depois serem aplicados em tecido para bordar.

 

Em 1954, Maria Adelaide Ribeirete recebe um prémio de qualidade, no primeiro Concurso Nacional de Artes e Ofícios. Esta é, de resto, a primeira referência histórica, com data concreta, da existência do Bordado de Óbidos. 

 

Numa nova prova da sua tenacidade e empreendedorismo, a mestre do Bordado de Óbidos, então com 93 anos de idade, decide organizar um curso, o qual ministrou e custeou, deslocando-se todas as manhãs de sábado, entre Lisboa e Óbidos, para transmitir a arte que criara e que, em dado momento da história, tivera um papel preponderante na economia da Vila de Óbidos.

 

A Maria Adelaide Ribeirete fica também a dever-se, a 30 de Dezembro de 1998, a fundação, com as suas discípulas, da Associação Artesanal e Artística “Bordar Óbidos”, criando com elas e com o Município de Óbidos o selo de garantia - qualidade e genuinidade do Bordado D’Óbidos, afirmando-o desde então no Universo da Arte e do bom Artesanato de Portugal.

 

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