Mulheres do mundo rural homenageadas em exposição da Binaural Nodar

Mulheres do mundo rural homenageadas em exposição da Binaural Nodar
Foto: DR

“Aqua Femina: O Fluxo da Vida Rural Feminina” é o mote de uma exposição promovida pela Binaural Nodar, que alia etnografia e arte contemporânea e coloca a mulher do mundo rural, especialmente do concelho de Vouzela, em lugar de destaque.

 

Fotografias, elementos audiovisuais e objectos que marcam o quotidiano feminino integram o espólio da mostra, inaugurada no passado 15 de Outubro, em que se assinalava o Dia Internacional das Mulheres Rurais. A inauguração contou, entre muito público, com a presença da Ministra da Juventude e Modernização, Margarida Balseiro Lopes; do Presidente da Câmara de Vouzela, Carlos Oliveira; e do coordenador da Binaural Nodar, Luís Costa, que acolheu os convidados e apresentou o projecto.

 

Pretendeu-se criar uma experiência em que os visitantes pudessem relacionar-se com a cosmovisão do que era ser mulher no contexto rural, reflectindo a diversidade do que constitui esta matriz e acompanhando a vida desde o nascimento, baptismo, casamento e a vida de trabalho. No fundo, do que é ser mulher”.

 

Neste trabalho, nota o responsável, o elemento água, que tem acompanhado a actividade desenvolvida pela Binaural desde o ano passado, volta a estar em relevo, mas com outro sentido. “Há quase uma associação que, simbolicamente, pode ser estabelecida entre água e mulher: água como passagem do tempo, da vida que corre; água do baptismo, na vida agrícola, na rega dos campos, nos moinhos, no líquido amniótico”, explica.

 

Luís Costa mostrou ainda a sua satisfação pela presença de Margarida Balseiro Lopes. A governante, em jeito de homenagem, fez questão de evocar diversas mulheres do mundo rural que marcaram o seu percurso, que tem raízes em Lafões.

 

A mostra esteve patente, até 7 de Novembro, no espaço Lafões Cult Lab, em Vouzela.

 

Empoderamento do mundo rural

 

A exposição constitui dos primeiros eventos públicos realizados no âmbito da Rede Tramontana, que arrancou em Julho de 2024 e vai prolongar-se até Outubro de 2027 e do qual a Binaural é chefe de fila. O projecto engloba onze parceiros, cujo trabalho é desenvolvido em contextos rurais e de montanha, de sete países, incluindo Portugal, Espanha, Itália, França, Roménia, Albânia e Polónia.

 

Para o coordenador, “Aqua Femina: O Fluxo da Vida Rural Feminina” pode ser “um bom exemplo do que é possível fazer nesta ligação entre etnografia e arte contemporânea”, e, ao mesmo tempo, “ir para além dos contextos associados aos museus etnográficos, com perfil mais tradicionalista”, abrindo as portas, por exemplo, ao meio audiovisual.

 

Partindo do exemplo do território vouzelense, onde o trabalho desenvolvido pela Binaural deu origem ao Arquivo Digital da Memória do Concelho de Vouzela, lançado este ano, Luís Costa mostrou-se convicto da oportunidade de mostrar que a realidade do “mundo rural tem pontos de contacto com os mundos rurais de outros países”.

 

Outra das mais-valias será a criação de uma estrutura de trabalho. “Os onze parceiros têm as suas próprias redes locais. Parece-me interessante se conseguirmos evoluir até um ponto em que os nossos parceiros locais se sintam parte da rede e até, inclusive, possam estar em contacto com os seus equivalentes dos outros países”, antecipa o responsável.

 

Essa oportunidade poderá já surgir no encontro internacional que, em breve, Vouzela irá acolher e que, pela experiência de Luís Costa, poderá “ser uma forma de empoderar as dinâmicas locais de cada região” e do mundo rural, “apesar de este sofrer uma certa diminuição da sua expressão e importância na sociedade”.

 

 

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