Parque Biológico de Gaia prepara-se para receber dois linces ibéricos

Parque Biológico de Gaia prepara-se  para receber dois linces ibéricos
Fotografia: D.R.

Dois dos mais raros felídeos do Mundo, os linces ibéricos, serão acolhidos nos próximos meses pelo Parque Biológico de Gaia. No âmbito de um protocolo assumido com o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas, os animais serão transferidos em breve, mas, para tal, impõe-se a construção de instalações necessárias dentro dos princípios do bem-estar animal. Uma obra que já está em curso e resulta de um investimento municipal na ordem dos 377 mil euros, com um prazo de execução de 120 dias.

O local em questão insere-se numa área em que estão localizadas outras espécies que coabitam o ecossistema do lince ibérico, como os javalis e os corços, sendo que também as espécies vegetais ali existentes são as mais adequadas para os animais em questão. Tendo em conta a localização próxima ao percurso de descoberta do Parque Biológico, os visitantes poderão aceder ao observatório por um caminho específico, podendo os linces ser vistos através de um vidro, já que o objectivo é limitar a exposição dos animais ao ruído exterior. Para tal, também não existirá qualquer cercado de animais a menos de vinte metros de todos os limites, de forma a provocar o menor stress ambiental possível para os novos hóspedes do parque. O cercado exterior terá 506 m², respeitando todas as directivas em vigor.

Por outro lado, existirá ainda uma boa exposição à luz solar, com algumas sombras provocadas pela vegetação existente, e o observatório será construído para que o observador tenha o mínimo possível do efeito de contraluz. A inclinação do terreno permitirá, de igual modo, a observação dos animais de uma forma mais fácil, criando um efeito cénico e pontos de interesse específicos para as espécies. Haverá, ainda, uma sala de isolamento pensada para o caso de ser necessário afastar um dos espécimes. As divisórias são constituídas por paredes, para minimizar o contacto e uma eventual disseminação de doenças. No interior do espaço de apoio, existirá outra sala de apoio (veterinário) que permitirá a lavagem de taças de alimentação, a preparação de alimentação e a localização de outros equipamentos, como sistemas de videovigilância.

O lince-ibérico, uma espécie considerada em Portugal “criticamente em perigo”, prefere habitats de características mediterrânicas, concretamente bosques, matagais e matos densos. A dieta da espécie tem por base o coelho-bravo, que representa entre 75% a 95% da sua dieta. Em épocas e regiões de menor abundância, esta presa é substituída por roedores, lebres, cervídeos e patos-bravos.

Entre as principais ameaças de extinção, os cientistas destacam a perda de habitat e a fragmentação da paisagem, a regressão vertiginosa das populações de coelho-bravo nas décadas mais recentes e a mortalidade induzida pelo ser humano, nomeadamente no que se refere à caça ilegal, envenenamento e atropelamento.