Pensar sobre o que é ser Mulher
Duas mulheres em palco. No meio uma mesa sem pés. Suspensa do chão. Pelo meio uma conversa que cresce a partir da memória de uma mulher, Palmira, que em contexto rural viveu uma vida fora da norma e que, aqui, serve de ponto de partida para uma reflexão que, entre o passado e o hoje, procura discorrer algumas das raízes que ainda prolongam as projecções binárias que marcam a forma como nos relacionamos com o outro. Palmira estreia a 8 e 9 de Outubro, no Cartaxo, no âmbito do festival Materiais Diversos e conta com a interpretação e dramaturgia de Anabela Almeida e Sara Duarte.
Tendo por base um ciclo de residências artísticas realizadas entre Novembro 2020 e Fevereiro de 2021 em Paredes de Coura, Aljezur, Monchique, Cartaxo, Minde, Alcanena e Porto. Palmira parte de uma recolha de conversas com mulheres de diversas gerações em torno da forma como as mesmas viam e viviam o ser mulher. Mulheres, mães, filhas, tias, irmãs oriundas de diferentes contextos sociais e políticos, que desenharam um retracto daqueles que são ainda os pontos de discriminação de umas perante uns.
Das longas conversas, chegou-se a um espaço de pensamento basilar na constituição do que é ser humano. Um espaço que foi ganhando forma, constituindo-se quase como um oásis, onde a prática é o questionamento de conceitos de natureza discriminatória, alguns tão enraizados e naturalizados que se tornam difíceis de identificar. Uma espécie de forma alterada de consciência, que ganhou espaço, tempo, corpo, colocando as duas intérpretes em Palmira. Palmira é esse lugar, um estado alterado de consciência a que se chega devagar, sem psicotrópicos e sem alucinações.
Esta criação integra o programa do 15º aniversário do Teatro Meia Volta e Depois à Esquerda Quando Eu Disser, que, ao longo de 2021, tem vindo a desenvolver residências de criação, apresentação de espectáculos, estreias e momentos de celebração. Mais informação sobre a companhia pode ser consultado no site.