A Cidade do Depois desenhará, assim, um programa que olha as transformações da representação cinematográfica das cidades ao longo do último século, desde o frenesim das vanguardas nos loucos anos 20 ao slow cinema contemporâneo. O progresso, o emprego, a tão ambicionada “qualidade de vida” caracterizavam a cidade idealizada da modernidade, mas para cada sonho há sempre o momento do depois: depois do êxodo rural; depois das guerras fratricidas; depois dos loucos anos burgueses; depois da urbanização; depois da gentrificação e do turismo massificado; depois das sucessivas crises políticas e económicas; a cidade do depois dos afectos, na qual um casal se vê perseguido por ter inventado o amor. O que resta é, por fim, uma cidade alienada, entorpecida, higienizada. Esta será a cidade - que muitas vezes já não é mais do que o simulacro de cidade – que alimentará a discussão do Fórum do Real que, este ano, contará com a participação de Boaventura de Sousa Santos (sociólogo), Paulo Pires do Vale (filósofo), Ana Aragão(arquitecta), Roger Koza (crítico de cinema), Pascale Cassagnau (historiadora de arte), Maria João Madeira (programadora), entre outros. Pela primeira vez, e numa resposta aos novos tempos, o fórum será realizado num modelo misto, com participações online e presenciais.
Além do debate, o festival apresentará também um programa restrito de filmes intitulado sob o mesmo título, que pretende reflectir algumas das aproximações mais singulares da cidade através do cinema e que inclui, entre outros, A Invenção do Amor (1965), de António Campos, Juventude em Marcha (2006), de Pedro Costa, Killer of Sheep (1978), de Charles Burnett, La Jetée (1962), de Chris Marker, Millennium Mambo (2001), de Hou Hsiao-Hsien, e The Exiles (1961), de Kent Mackenzie.
O Porto/Post/Doc é realizado em parceria com a Câmara Municipal do Porto, contando com o apoio do Ministério da Cultura e do Instituto do Cinema e Audiovisual e o mecenato da Fundação “la Caixa”/BPI.