Proença-a-Nova foi o berço do livro “Da Raia Seca ao Pinhal”

Proença-a-Nova foi o berço do livro “Da Raia Seca ao Pinhal”
O livro “Da Raia Seca ao Pinhal”, com coordenação de Álvaro Carvalho e editado pela Âncora Editora, teve a sua génese num almoço de trabalho no âmbito de um seminário dedicado ao envelhecimento que o Município de Proença-a-Nova organizou em que o médico e autor – um dos oradores convidados - foi desafiado a escrever um novo livro que abarcasse a assistência médica na região, mas também a sua história, cultura e tradição.
 
Se a primeira reacção foi de recusa, Álvaro Carvalho viria a mudar de ideias, como recordou na apresentação oficial da obra que decorreu em Proença-a-Nova no dia 7 de Janeiro, dando origem a uma publicação que junta mais de três dezenas de autores que, em comum, têm o facto de serem naturais, de residirem ou de terem “adoptado afectivamente” a Beira Interior, uma vez que assumiu o objectivo de divulgar uma “região do país muito esquecida”.
 
Colaborando na publicação com um texto sobre “Os Ratinhos do Concelho de Proença-a-Nova”, o presidente da Câmara Municipal, João Lobo, comparou os manajeiros que juntavam os trabalhadores sazonais na região aos autarcas de hoje que têm como missão reunir recursos e ferramentas que possam esbater as assimetrias criadas e preparar o interior para os desafios que a inexistência de uma estratégia política criou ao longo das últimas décadas. Recuperando uma das frases do texto de Manuel Braga da Cruz – “O interior precisa de discriminação positiva, que todo o país olhe para ele como para um antepassado que importa fazer viver” –, João Lobo ressaltou que a experiência dos ratinhos beirões nos campos de ceifa do Alto Alentejo e Ribatejo também traduz “aquilo que é a condição da dificuldade e da resiliência deste povo, desta gente da Beira, que ia procurar nesse trabalho um complemento e um sustento diferenciado para as suas famílias. Criou tenacidade nas pessoas e capacidade de enfrentar as dificuldades”. É sua expectativa que este livro possa alertar para a necessidade de se olhar para o interior a partir de uma nova perspectiva em que, num país com cerca de 200 quilómetros de largura, não existe verdadeiramente interior e litoral.
 
Colaborando com Álvaro Carvalho desde 2008 na publicação de vários livros, o responsável pela Âncora Editora, António Baptista Lopes, destacou a participação de sete municípios na concretização do livro “Da Raia Seca ao Pinhal” e a capacidade do coordenador juntar pessoas de várias valências. “Depois foi quase realizar um trabalho de costura que foi muito bem desenvolvido pela comissão editorial que tem a coordenação de Álvaro Carvalho e é composta ainda por Eurico Carvalho e Luís Queirós”. O editor adiantou ainda que Álvaro Carvalho tem mais dois livros em preparação.
 
Os intervenientes na apresentação do livro recordaram a ligação entre a Câmara Municipal de Proença-a-Nova e a Fundação que Álvaro Carvalho criou em 2014 com o seu nome que tem como missão a prestação de cuidados de saúde na zona interior do país, em especial na Beira Interior de onde é natural (mais precisamente do concelho de Figueira de Castelo Rodrigo). “A Fundação tem uma relevância grande, de alguém que sente as suas raízes, mas que tendo migrado por via da profissão para a parte urbana conseguiu traduzir as suas competências neste projeto e, passados estes anos, na capacidade de também olhar para estes territórios através de novas valências do ponto de vista da medicina”, afirmou João Lobo. Em Proença-a-Nova têm sido realizadas operações às cataratas, consultas de dermatologia e de cardiologia.