Soenga recriada em Molelos a 20 e 21 de Maio

Soenga recriada em Molelos a 20 e 21 de Maio
Fotografia: D.R.

A Câmara Municipal de Tondela, em parceria com a Junta de Freguesia de Molelos, vai promover, no fim de semana de 20 e 21 de Maio, mais uma edição da Soenga, um evento que recria o processo artesanal de cozedura da louça preta de Molelos. A iniciativa, que se realiza há sete anos, vai decorrer no Parque das Raposeiras, como é hábito.

O evento dedicado à Soenga iniciou-se em 2017, com dois anos de paragem em 2020 e 2021 devido à pandemia. No terceiro fim de semana deste mês de Maio, o processo de cozedura que dá origem ao barro negro volta a ser recriado, sendo acompanhado por um programa cultural.

O evento iniciar-se-á na tarde do dia 20 de Maio (sábado) com a realização, a partir das 15h00, de ateliês de cerâmica. Seguir-se-á, pelas 16h00, o seminário “O Património Imaterial como Estratégia de Desenvolvimento e Coesão Territorial”. O processo de fabrico da Soenga está agendado para as 18h00. À noite, pelas 21h30, haverá animação musical no Parque das Raposeiras.

No mesmo espaço, no dia seguinte, 21 de Maio (domingo), às 15h00 voltarão a decorrer ateliês de cerâmica. Logo depois, pelas 16h00, haverá animação musical. A desenforma da Soenga decorrerá às 18h00.

Esta é uma iniciativa única no país que permite, durante dois dias e pelas mãos dos experientes oleiros de Molelos, acompanhar de perto um dos mais antigos métodos de cozedura de cerâmica e que a Câmara Municipal de Tondela tem primado em manter vivo.

Nos últimos anos, a louça preta de Molelos ganhou novos contornos com o surgimento de jovens oleiros, criativos, determinados em contribuir para não deixar morrer a arte. Estes homens e mulheres têm procurado, não só manter viva a tradição, mas também apostado em novas abordagens, na sofisticação de padrões estéticos, com novos usos e na conquista de territórios, com uma produção muito diversificada e em série e com implantação na economia global.

Molelos tem ainda sete oleiros em actividade, dois dos quais mulheres. O processo de fabricação do barro negro de Molelos está em vias de integrar o Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial. A candidatura, da responsabilidade da autarquia, está bem adiantada, esperando-se que esta classificação seja uma realidade dentro de meio ano. Depois disso, os sete oleiros ficarão registados como os detentores do saber fazer artesanal. 

A Soenga é o processo tradicional de cozedura do barro negro, em que a louça é colocada numa cova pouco funda cavada no solo. Neste buraco, após ser coberto parcialmente com lenha de pinheiro e tapada com torrões de terra, é ateado fogo, deixando-se cozer sob o olhar atento dos artesãos.

A cor negra do barro característica explica-se pela cozedura de tipo redutor, que consiste em abafar com terra a louça na fase final da cozedura, impedindo a entrada de oxigénio. Devido a processos físicos e químicos (falta de oxigénio), as peças tornam-se completamente negras e, em parte, impermeabilizadas.