Teatro Oficina tem nova direção artística com Mickaël de Oliveira
A Oficina acaba de apresentar a progressão do rumo artístico do Teatro Oficina, companhia que reforça as linhas estratégicas desta cooperativa cultural vimaranense no dedicado e atento caminho de apoio à criação. Mickaël de Oliveira, que assume a direcção artística da companhia no biénio 2023-2024, entra em cena com o mote de fortalecer o território com uma «casa de criação», dedicando as suas linhas programáticas a vertentes como ‘Criação’, ‘Formação’, ‘Pensamento’ e uma ‘Linha de Apoio à Criação’.
É desta forma que a nova direcção artística do Teatro Oficina propõe com o seu projecto, a partir de 2023, dar continuidade à identidade da companhia ao integrar criações próprias ao mesmo tempo que consolida a sua missão no apoio à criação artística teatral no município de Guimarães e em todo o território nacional. As premissas e objectivos do novo projecto artístico confluem e habitam na ideia de uma «casa» dedicada à criação artística, através do conjunto de programas que se desenvolvem no diálogo entre si, na expectativa de que o projecto possa responder às necessidades dos artistas e das suas obras, capacitando os seus processos de criação nas suas dimensões logísticas, técnicas, críticas e dramatúrgicas.
O projecto artístico que se apresenta destaca as práticas de dramaturgia nas artes performativas, uma disciplina privilegiada por percorrer as etapas mais importantes de um processo criativo e por decorrer dela a promessa de textos inéditos para palco. É, assim, na dramaturgia – músculo de reflexão para a cena – que se procura radicar os pressupostos do novo projecto do Teatro Oficina, celebrando-a na pesquisa, experimentação e partilha artísticas.
Sendo o novo projecto artístico desenhado através de quatro linhas programáticas distintas e relacionadas – 'Criação', 'Formação', 'Pensamento' e 'Linha de Apoio à Criação' – o mesmo é assim destinado a artistas com percursos consolidados e em vias de consolidação, procurando igualmente profissionalizar o trabalho artístico de criadores mais novos e muitas vezes recém-formados. Visa também servir os vários públicos do município de Guimarães, nomeadamente as comunidades artísticas, académicas e associativas, para assistirem e participarem nas actividades programadas e poderem também qualificar-se nas suas formações e outras actividades.
‘Criação’ é a linha mais forte e orientadora deste projecto artístico. Nela se inscreve a nova criação do Teatro Oficina – “Ensaio técnico” (título provisório), a ensaiar e apresentar no Espaço Oficina, para lhe abrir a próxima temporada. O programa ‘Criação Crítica’ será dedicado ao acolhimento de artistas, com acompanhamento técnico e dramatúrgico das suas obras em residência, através da constituição de um corpo de dramaturgistas, convidado a «visitar» os trabalhos artísticos. A linha ‘Criação’ contempla ainda um programa de bolsas de criação para estimular a escrita original para palco, vocacionado a escritores e estruturas em artes performativas que queiram fomentar a produção de nova dramaturgia portuguesa nos seus projectos, contribuindo para a renovação dos repertórios. Por fim, esta linha também se «mostra» através do programa ‘Antestreia’, que se constitui como uma plataforma na qual os trabalhos realizados nas actividades dos restantes programas são tornados públicos, apresentados sob formatos como o ensaio aberto e comentado, a leitura encenada e participativa, a antestreia ou estreia absoluta, a decorrer no Espaço Oficina, de forma articulada com o restante ecossistema em que consiste A Oficina.
A segunda linha, ‘Formação’, procura dar continuidade às tradicionais Oficinas do Teatro Oficina (organizadas em três níveis de experiência e aprendizagem) e acolher, entre outros programas, os ‘Encontros de dramaturgia’, que servem de plataforma mensal de encontros entre dramaturgos, abrindo os seus processos de escrita, partilhados igualmente com os públicos da cidade, com sessões previstas n’O Espaço Oficina e no seu espaço virtual. ‘Formação e Participação’ visa, portanto, formar espectadores, capacitando os seus participantes com um conhecimento técnico e artístico mais aprofundado em várias disciplinas da prática teatral.
A terceira linha, ‘Pensamento’, procura discutir temas que nos assaltam o quotidiano – sociais, artísticos e políticos – e outros que se prendem com os contextos da criação artística e as suas práticas laboratoriais. Indo ao encontro da missão do presente projecto, promove-se um primeiro ciclo sob o mote “O que se pode fazer pela criação?”, com artistas, directores artísticos, docentes e alunos do ensino superior que têm vivenciado e pensado modelos de incentivo à pesquisa e experimentação artísticas.
Por último, a quarta linha programática – intitulada ‘Linha de apoio à Criação’ – visa assistir os artistas que estejam ou queiram desenvolver a sua prática artística em Guimarães e os demais que compõem os programas do Teatro Oficina, visando questões artísticas, técnicas e de gestão dos seus projectos numa fase de elaboração, nomeadamente em sede de candidaturas a concursos para apoio financeiro.
De ressalvar ainda que o surgimento de duas Open Call para ‘Criação Crítica’ e ‘Bolsas de Criação – Dramaturgia’ e ‘Encontros de dramaturgia’ tem por objectivo acolher e conhecer a diversidade de propostas artísticas no território vimaranense e nacional, dando a conhecer às suas comunidades artísticas, com mais detalhe, as especificidades dos programas e a casa da criação que é o Teatro Oficina.
Mickaël de Oliveira nasceu em 1984, em França e vive em Portugal desde 1999. É licenciado e mestre em Estudos Artísticos – Variante Teatro, tendo concluído em 2013 o seu doutoramento na área da dramaturgia contemporânea portuguesa e europeia. Escreve para teatro desde 2004, tendo cofundado o Colectivo 84 em 2008 com John Romão, estrutura na qual desenvolve o seu trabalho de escrita e de encenação. Tem colaborado igualmente com outras companhias como a Cão Danado (Porto), Teatro Nova Europa (Porto) e DayforNight (Paris). O seu percurso foi galardoado em 2007 com o Prémio Nova Dramaturgia Maria Matos (Teatro Municipal Maria Matos, Lisboa), entre outras distinções recolhidas ao longo do seu percurso. Autor de diversos textos (contando com traduções para várias línguas estrangeiras), entre os quais “Oslo – Fuck Them All and Everything Will Be Wonderful” (em cocriação com Nuno M Cardoso), apresentado na 28ª edição dos Festivais Gil Vicente, em Guimarães. Tendo já coleccionado várias experiências na área do ensino, foi director adjunto do Teatro Académico de Gil Vicente (Coimbra) de 2011 a 2015, e director artístico do projecto 'Encontros de Novas Dramaturgias Contemporâneas', que pretende promover a dramaturgia contemporânea portuguesa e internacional.