TUR4all”: informação de todos para todos

TUR4all”: informação de todos para todos
Fotografia: D.R.

E se numa única plataforma os turistas com necessidades especiais pudessem obter informação sobre condições de acessibilidade em hotéis, monumentos e museus ou a existência de transportes adaptados? É o que propõe a “TUR4all”, que vai estar disponível em Portugal a partir de Setembro.

 


A partilha de informação é uma das bases das sociedades contemporâneas e um instrumento fundamental no sector turístico, onde a oferta e a procura andam muitas vezes desencontradas. Tal parece quase irrisório no mundo actual, cada vez mais apetrechado de tecnologias que permitem o acesso rápido e em qualquer lugar a essa mesma informação.
 
Neste campo, as pessoas com mobilidade reduzida – seja por que motivo for, doença, velhice ou outro – sentem ainda mais o problema, não só porque o turismo ainda não responde a todas as suas necessidades e desejos, mas principalmente porque não dispõem de plataformas de divulgação em número suficiente.
A  “TUR4all”  pretende  ser essa plataforma a nível ibérico. Trata-se de uma ideia lançada pela Accessible Portugal, a Fundação Vodafone Portugal e o Turismo de Portugal com o apoio da ENAT – European Network for Accessible Tourism, em colaboração com a PREDIF em Espanha e a Fundação Vodafone Espanha. Em conjunto, estas entidades querem criar uma ferramenta dinâmica que permita consultar a oferta turística nos dois países, disponibilizando informação objectiva e actualizada sobre as condições de acessibilidade em hotéis, monumentos e museus, a existência de transportes adaptados, restaurantes com menus em braille, entre outras valências.

Em Portugal, a plataforma vai estar disponível a partir do próximo mês de Setembro, através de website e aplicação móvel que vão incluir informação analisada por especialistas em acessibilidade para todos, avaliada e comentada pelos próprios utilizadores. Os dados vão estar disponíveis em português, castelhano, francês, inglês, alemão, italiano e mandarim.

“Numa sociedade cada vez mais global torna-se imperativo desenvolver soluções inclusivas. A TUR4all apresenta-se assim como uma ferramenta importante de inclusão, que posiciona Portugal como país acessível a todos e que permitirá aos seus destinatários usufruírem de uma experiência turística única”, sublinhou a secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho, em Março, aquando da apresentação do projecto.

 

Utilizadores podem partilhar informação

Quem usar a plataforma vai poder escolher os locais que considere mais acessíveis face às necessidades especiais que tem em determinado momento e assim planear a viagem e as actividades de lazer. Na TUR4all o utilizador vai ter a oportunidade de comentar, pontuar e recomendar cada uma das unidades e serviços disponibilizados, bem como comunicar com outros utilizadores que tenham o mesmo tipo de interesses ou necessidades específicas.

A plataforma TUR4all insere-se num dos eixos fundamentais da estratégia do Turismo em Portugal para os próximos anos: tornar o país um destino acessível para todos. Com esse mesmo objectivo o Turismo de Portugal criou o projecto “All for All”, numa tentativa de mobilizar os empresários do sector a actuarem de forma concertada para a oferta turística nacional.

Na apresentação do “TUR4all”, o presidente da entidade, Luís Araújo, destacou precisamente o potencial de negócio que uma oferta acessível para todos poderá representar para as empresas e para o país. Dados divulgados pela Vodafone indicam que em Portugal existe cerca de um milhão de pessoas com necessidades específicas, 2,5 milhões de seniores e 550 mil crianças com menos de cinco anos. Reino Unido, França, Alemanha, Itália e Espanha são os principais mercados emissores para Portugal, os países com o maior número de pessoas com necessidades de acesso – mais de dez milhões, em cada caso, segundo o Turismo de Portugal. A presidente da Accessible Portugal, Ana Garcia, junta a essa perspectiva uma certeza de futuro, o envelhecimento da população. “A idade dos turistas está aumentar e é necessário criar condições para que todos possam viajar em segurança e com a qualidade de que necessitam para apreciarem os destinos. Trata-se de uma questão de dar resposta às necessidades do mercado e igualmente uma questão de ética”, referiu na apresentação do projecto.