Viver no meio do lixo, uma viagem fotográfica
“Viver entre o que é deixado para trás”, ou “Living Among What's Left Behind”, no original, valeu ao multipremiado fotojornalista Mário Cruz uma distinção no World Press Photo. A exposição, que mostra o projeto na sua totalidade, vai passar por Almada e foi ainda premiada pela Sociedade Portuguesa de Autores.
Há muito que as Filipinas chegam até nós através de imagens de crises humanitárias e ecológicas. Manila, a capital do país, e o rio Pasig, um dos mais poluídos do mundo e considerado biologicamente morto desde a década de 90, são o foco do trabalho de Mário Cruz.
Esta é uma exposição que chega a Almada com um novo formato, através do qual as fotografias se apresentam em grande dimensão e em forma de colagem. As fotografias originais tiradas em formato Instax (fotografia instantânea da Fujifilm) também estarão expostas e mostram dessa forma documentos únicos que retratam as diferentes famílias que vivem nas margens do rio Pasig.
Todos os anos são depositadas mais de 30.000 toneladas de lixo no rio Pasig. Em determinados pontos, a densidade da poluição torna possível atravessar o rio de uma margem para outra a pé. O rio, que foi o centro económico de Manila, tornou-se o esgoto da cidade, mas com largos milhares de pessoas a viver naquele e daquele contexto.
Mário Cruz acredita que casos como estes, que vivem no esquecimento, são a essência do fotojornalismo, que os expõe a uma audiência alargada.
De 16 de outubro a 30 de dezembro, Almada é palco desta exposição, de acesso gratuito. Mário Cruz considera esta cidade como um ponto muito importante de passagem da exposição: “Almada e o Rio Tejo são um só” e por esse facto está convencido que os visitantes serão especialmente sensíveis a este tema. O edifício da antiga União Elétrica Portuguesa será o palco da exposição que é acompanhada por uma instalação que conta com várias toneladas de lixo. O autor de “Viver entre o que é deixado para trás” refere: “este local esquecido pelo tempo, com materiais gastos, objetos destruídos, remete para o cenário que encontrei nas Filipinas. É, de facto, uma localização única para uma exposição que tem dois propósitos: alertar e refletir.”