“Encontros Heteróclitos” no CIAJG

“Encontros Heteróclitos” no CIAJG
Fotografia: D.R.

No dia 29 de outubro, das 15h às 19h, no Centro Internacional das Artes José de Guimarães (CIAJG), a forma e o modo de expor objetos entram em debate, com o passado, o património e a legitimidade no centro dos “Encontros Heteróclitos”, programa que reúne em Guimarães um grupo de pessoas de diferentes áreas do conhecimento como estudos pós-coloniais, antropologia, arquitetura, educação, sociologia, filosofia. A programação deste dia é de entrada gratuita e convida todo o público a participar. 

Na tarde deste sábado, os “Encontros Heteróclitos” levam até à Black Box do CIAJG, em Guimarães, um grupo de pessoas que tem pensado sobre modos e políticas do expor em diferentes áreas do conhecimento, congregando aqui nomes como Zoy Anastassakis, Bruno Sena Martins, Diogo Passarinho, María Iñigo Clavo, Ivo Poças Martins, Mariana Pestana, Mariana Pinto dos Santos, Mário Moura, Marta Lança, Paulo Mendes, Paulo Moreira, Sofia Victorino ou Tiago Castela, com intervenção também da Educação e Mediação Cultural d’A Oficina. E sempre na companhia dos representantes da organização deste programa, Marta Mestre (CIAJG) e André Tavares (Dafne Editora), aqui responsáveis pela moderação. 

A discussão tem como ponto de partida as coleções do CIAJG, compostas por objetos de proveniências e tradições culturais díspares entre si, e vai centrar-se nas formas e modos de relação entre objetos, das suas traduções e histórias de vida. Ao migrarem de «estatuto», entre funções rituais, objetos etnográficos, obras de arte, mercadorias transacionáveis, e peças museológicas, os objetos permitem vislumbrar percursos marcados por assimetrias, estratégias comerciais e práticas de apropriação. Mas, também, são veículos de contactos interculturais, agentes de globalização. A partir do caráter híbrido das coleções do CIAJG, os 'Encontros Heteróclitos' visam aprofundar estratégias para negociar possibilidades de ação institucional, abrindo um debate sobre o passado, o património e a legitimidade, que permita imaginar futuras montagens museográficas e modos de relação entre a coleção e os públicos.

Entre as 15h e as 16h, abre-se uma janela online para abordar o caso do MASP (Museu de Arte de São Paulo) com a participação do Metro Arquitetos Associados e moderação de Zoy Anastassakis e Marta Mestre. Segue-se, de forma presencial, das 16h30 às 18h30, a discussão em torno da forma e o modo de expor objetos com os vários intervenientes já referidos provenientes de distintas áreas do conhecimento, desta vez com a moderação de Marta Mestre (CIAJG) e André Tavares (Dafne).

Os “Encontros Heteróclitos” encerram às 19h com um concerto por José Diogo e Mané Fernandes que viaja até às salas de exposição do CIAJG. José Diogo Martins (sintetizadores) e Mané Fernandes (guitarra elétrica e MPC) é um duo que explora o ritmo como veículo de perceção. Nesta performance, os artistas trabalham o conceito de swing, proposto por Malcolm Braff na “Teoria Geral do Ritmo”, sendo este projeto vencedor da edição de 2022 dos Laboratórios de Verão, uma parceria entre o CIAJG e o gnration (Braga). Os “Encontros Heteróclitos” viajam mais tarde até à Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP) a 11 de novembro, das 17h às 19h, para um segundo momento destes Encontros, que inclui uma Festa n’O Instituto, Associação Cultural pelas 21h.

Estes Encontros acontecem – numa colaboração do CIAJG e da Dafne (que tem o apoio da DGARTES) e em parceria com a Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto e O Instituto, Associação Cultural, tendo a curadoria de Marta Mestre e de André Tavares – no seguimento da recente inauguração do novo programa artístico do CIAJG e, concretamente, da exposição Heteróclitos: 1128 objetos, que ocupa a totalidade do piso 1 do museu desde 8 de outubro num momento inédito em que o público pode ver, pela primeira vez, toda a coleção do CIAJG – composta por arte africana, europeia, pré-colombiana e chinesa antiga, e obras de José de Guimarães. Com curadoria de Marta Mestre e a colaboração dos arquitetos André Tavares e Ivo Poças Martins (Dafne, Porto), esta exposição possui uma montagem deliberadamente experimental, numa procura de fluidez que tira partido de soluções arquitetónicas experimentais, encenando artisticamente o mesmo gesto aglutinador que reúne objetos provenientes de diferentes tempos e várias geografias e culturas. 

De ressalvar que o CIAJG pode ser visitado de terça a sexta das 10h00 às 17h00 e ao sábado e domingo das 11h00 às 18h00 e as entradas têm o custo de 4 euros ou 3 euros com desconto, permitindo percorrer e explorar todas as exposições patentes. A entrada no CIAJG é gratuita para crianças até 12 anos e ao domingo de manhã.