Um estudo científico realizado em termas da região Centro comprovou que as águas termais da região apresentam propriedades anti-inflamatórias. Os resultados do estudo foram publicados na conceituada revista “Scientific Reports”.
A investigação foi realizada por uma equipa de investigadores da Universidade de Coimbra (CNC-UC), liderada por Teresa Cruz Rosete e Cláudia Pereira e conduzida por Ana Cristina Silva, e por investigadores da Universidade da Beira Interior (CICS-UBI), do grupo de investigação de Ana Palmeira, que trabalharam em conjunto para validar o uso tradicional das águas termais da região Centro.
Desde há séculos que são conhecidos os benefícios para a saúde das águas termais, as quais são usadas no alívio dos sintomas e no tratamento de diversas doenças, quase todas associadas a situações de inflamação. No entanto, este conhecimento deve-se ao senso comum acumulado ao longo dos tempos, sendo raras as investigações científicas feitas com estas águas.
No caso português, em particular, existe uma falta considerável de dados científicos que sustentem os benefícios para a saúde reconhecidos às águas termais do país. É de sublinhar que as águas termais portuguesas têm sido recomendadas, com sucesso, para o tratamento de doenças respiratórias, reumáticas-musculoesqueléticas, metabólico-endócrinas, ginecológicas, do sistema nervoso, da pele, gastrointestinais, do sistema urinário e do aparelho circulatório.
O trabalho agora publicado é, assim, inovador, ao validar cientificamente o que há muito já é conhecido.
O estudo investigou as propriedades anti inflamatórias de 14 águas termais com origem em termas da região Centro. A nível laboratorial, células da imunidade inata, mais especificamente macrófagos, foram estimuladas com um agente inflamatório, sendo depois expostas a estas águas. Verificou-se, como resultado, a diminuição da produção de mediadores inflamatórios, ou seja, a redução da resposta inflamatória neste modelo celular. Concretamente, das 14 águas termais alvo do estudo, 11 apresentaram uma redução significativa na produção de óxido nítrico, presente em situações inflamatórias.
“Os nossos resultados contribuem para a validação científica, pela primeira vez, das propriedades anti inflamatórias das águas termais da região Centro, usando modelos celulares de inflamação. As conclusões sustentam a utilização das águas termais no tratamento de doenças relacionadas com a inflamação e, ao mesmo tempo, promovem a sua posterior aplicação em produtos cosméticos e dispositivos médicos”, sublinham as autoras.
Adriano Barreto Ramos, coordenador da rede Termas Centro, salienta a importância dos resultados deste estudo para as estâncias termais da região. "Há muito que se sabe, e é reconhecida, a capacidade das curas termais no alívio e tratamento de diversas doenças e alívio de sintomas. Investigações como esta são extremamente importantes, uma vez que demonstram, de forma científica, o papel das águas termais no restabelecimento da saúde dos aquistas”, destaca. “Além disso, estes estudos abrem caminho ao desenvolvimento de produtos naturais com efeitos anti-inflamatórios, com base nestas águas”, acrescenta.
A investigação contou com o apoio do consórcio Termas Centro, através do projecto PROVERE Valorização das Estâncias Termais da Região Centro. É da autoria de Ana Cristina Rosa da Silva, Ana Sofia Oliveira, Cátia Vicente Vaz, Sara Correia, Sandra Saraiva Ferreira, Luiza Breitenfeld, José Martinez-de-Oliveira, Rita Palmeira-de-Oliveira, Cláudia Pereira, Ana Palmeira-de-Oliveira e Maria Teresa Cruz, investigadores da Universidade de Coimbra e da Universidade da Beira Interior.