Florbela foi maior do que os homens

Florbela foi maior do que os homens
Fotografia: André Canoa

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior do que os homens. As eternas palavras da imortal Florbela Espanca ecoam na memória dos que têm o privilégio de conhecer a sua poesia. É o momento inicial de um poema admirável, apaixonante, que deu origem a uma canção igualmente sublime. Florbela foi maior do que homens e mulheres, mas um génio assim não poderia viver por muito tempo.

Nascida em Vila Viçosa em 1894 e baptizada como Flor Bela Lobo, cedo a menina morena e de cabelo escuro mostrou a sua veia poética. Escreveu os primeiros poemas com apenas nove anos, um dos quais intitulado “A Vida e a Morte”… A perda foi sua companheira até ao fim: primeiro a mãe, depois o irmão, Apeles, com quem tinha uma ligação muito forte.

As inquietações e os sofrimentos íntimos deram origem a uma poesia brilhante, cheia de erotismo e feminilidade, suspiros e lágrimas. Autodenominada Florbela d’Alma da Conceição Espanca, aventurou-se também na prosa, através de contos – onde predomina a figura de Apeles –, muitas cartas e um diário.

A poetisa faleceu no dia em que completava 36 anos, devido a uma overdose de barbitúricos, a última de várias tentativas de suicídio. Por essa altura já a sua obra era reconhecida pelos seus pares e pelo público, e assim foi e continua a ser. Fernando Pessoa descreveu-a como “alma sonhadora, irmã gémea da minha”.

Em sua homenagem, o município de Vila Viçosa criou em 1981 o Prémio Literário Florbela Espanca, que distingue obras inéditas de poesia e ficção. A obra reconhecida é editada pela autarquia, numa tiragem de 500 exemplares, e o autor receber um prémio no valor de 2.500 euros.