18.ª temporada do Festival Terras sem Sombra em Sines

18.ª temporada do Festival Terras sem Sombra em Sines
Fotografia: Marco Borggreve

No fim-de-semana que encerra a sua 18.ª temporada, subordinada ao tema "Há uma paz infinita na solidão das herdades: Quietude, Natureza e Música (Séc. XII-XXI)”, o Festival Terras sem Sombra apresenta um concerto de excepcional qualidade, com a presença do ensemble Il Giardino Armonico, de Milão, sob a direcção de Giovanni Antonini, nome maior da música europeia. O concerto, a 22 de Outubro (21h30), no Centro de Artes de Sines, conta com a parceria do município local e da Embaixada de Itália, na figura do Embaixador Carlo Formosa.  

Fundado na década de 1980, em Milão, Il Giardino Armonico é um ensemble barroco de referência mundial, centrando o repertório nos séculos XVII e XVIII. Presença destacada em festivais internacionais e conceituadas salas de concerto, o agrupamento conta com intérpretes oriundos das mais importantes instituições musicais da Europa e trabalha com nomes consagrados do canto e solistas de renome. No concerto de Sines, intitulado “Con Affetto: Emoção e Razão na Música Italiana do Século XVII”, marcam presença Stefano Barneschi, Marco Bianchi (violino), Paolo Beschi (violoncelo) e Riccardo Doni (cravo), num programa que desfila peças de Tarquinio Merula, Dario Castello, Alessandro Scarlatti, Antonio Vivaldi, entre outros autores.

Giovanni Antonini, reconhecido pela interpretação inovadora do repertório clássico e barroco, estudou na Civica Scuola di Musica, em Milão, e no Centre de Musique Ancienne, em Genebra. Para além da actividade como director musical, actua como solista (flauta transversal barroca). É também responsável artístico pelo Festival Wratislavia Cantans, na Polónia, e maestro convidado principal da Orquestra Mozarteum e Kammerorchester Basel. Dirige o projecto Haydn 2032, destinado a gravar e executar, com Il Giardino Armonico e a Kammerorchester Basel, as sinfonias completas de Joseph Haydn no 300.º aniversário do seu nascimento.

Monumentos megalíticos de Monte Chãos e um singular sobreiral

Antecedendo o concerto, a tarde de sábado (15h00) acolhe uma actividade dedicada ao património cultural, sob o mote “Saxa Sacra: Monumentos Megalíticos de Monte Chãos”. Esta iniciativa, com ponto de encontro no Museu de Sines, propõe uma “viagem” ao período do Calcolítico, ao terceiro milénio a.C. e a um povoado único, sito na zona mais alta dos arredores da cidade, Monte Chãos. A partir de Monte Novo, domina-se toda a baía de São Torpes, numa zona com condições naturais de defesa, mas que se destacou pelas estruturas de cariz religioso, nomeadamente um cromeleque, um santuário rupestre e uma necrópole. A actividade é orientada pelos arqueólogos Mário Varela Gomes e Anabela Joaquinito.

No âmbito da biodiversidade, o Terras sem Sombra leva a cabo, domingo de manhã, 23 de Outubro (9h30), a acção “Onde o Atlântico e o Mediterrâneo se encontram: O Montado e o Sobreiral de Nascedios do Moinho”, numa visita a esta herdade, perto da Sonega. Um território que tem a particularidade de apresentar sobreiros em três contextos: sobreiral, actualmente difícil de encontrar na região; montado espontâneo, há muito afeiçoado pelo homem, a partir do legado natural; e a moderna plantação de sobreiros (montado planeado). Oportunidade, também, para responder à pergunta: porque morrem os sobreiros? A iniciativa tem a orientação de Paulo Maio, Pedro Serafim e Pedro Pacheco Marques (engenheiros florestais) e João Dimas (técnico florestal), com ponto de encontro no Museu de Sines.

 

Onde a Vida Acontece, ao piano

Em fim-de-semana de despedidas de mais uma temporada, o Festival Terras sem Sombra apresenta, como já tem vindo a ser hábito, uma iniciativa associada, Onde a Vida Acontece, com um programa especialmente desenhado para 21 de Outubro, sexta-feira, tendo em vista o público infanto-juvenil e familiar. A destacar, num dia repleto de acção, o recital, na Escola de Artes de Sines (16h30), pela pianista húngara Kinga Somogyi, sob o tema “O Voo do Piano: Música Europeia (e não só) dos Séculos XIX-XXI”.

“A música desempenha um papel marcante na minha vida. Comecei os estudos musicais com sete anos em Veszprém, a cidade onde nasci. Ao longo dos 15 anos em que frequentei duas escolas de Música (Escola Csermák Antal, de Veszprém, Escola Járdányi Pál, de Budapeste), participei em vários concertos, competições e eventos musicais com êxito. Em 2016, ganhei o 11.º Concurso Nacional de Órgão da Hungria”, sublinha a artista. Em Sines, Kinga Smogyi interpreta peças de Ludwig van Beethoven, Béla Bartók, Ede Poldini e Piotr Tchaikovski, entre outros mestres.

Numa actividade que faz a ponte entre dois mundos que se complementam, o projecto Onde a Vida Acontece apresenta uma iniciativa sobre Arte, História e Tradições, na manhã de sexta-feira (10h00), com ponto de encontro no Museu de Sines. “Viver no Campo: A Ruralidade à Porta da Cidade” leva os participantes a reflectirem sobre o papel do mundo rural numa comunidade hoje predominantemente urbana, mas que ancora as suas raízes em espaços rurais ainda em plena produção e que continuam uma mais do que milenar tradição pecuária.

Complementarmente a este olhar sobre o património rural, a actividade ligada às relações entre a ciência, a inovação e natureza debruça-se sobre uma realidade outrora significativa em diversos pontos do concelho e que dá agora sinais de voltar à vida. A acção “Conhecer para Fazer: O Fabrico Artesanal de Queijo” propõe aprofundar conhecimentos a propósito de um dos alimentos vinculados à economia local e que possui velhos pergaminhos na zona de Sonega, confluência de quatro freguesias (Sines, Porto Covo, Santiago do Cacém e Cercal).