Estreia HOJE: "Passos na Floresta", no Teatro Taborda
Devolver palavras emprestadas
Texto de Carlos J. Pessoa
As palavras emprestadas que pedi para escrever o Passos na Floresta, serviram-me de muito; ainda que não seja perceptível de imediato o modo como essa operação é feita.
O padrão que suporta o trabalho artístico como o entendo, pertence à categoria do não autoral, do expansivo; do anonimato que se reflecte nas vossas e noutras palavras escolhidas; na promessa de um retorno, de uma benesse, uma inspiração.
O processo artístico resume em simultâneo, um efeito de mata-borrão que tudo absorve e de decantação que quase tudo identifica.
Para mim o conhecer artístico é procurar a justiça não jurídica, a que se funda na poesia e na panorâmica interdisciplinar, enciclopédica; a convocação do mundo diverso, livre e arguto, e a responsabilidade; o dever de responder pelos nossos actos, o perguntar e perguntar-se.
Esta mecânica do dispositivo teatral entronca num devir de gestos, de enredos e histórias que a pouco e pouco se percebem, numa revelação íntima que deve sobretudo à epifania e não tanto à publicidade, ao consumo, ou à fórmula do pistoleiro que atira tiros para o ar.
Falar, por conseguinte, das vossas palavras que me influenciaram os Passos na Floresta é sobretudo um convite aberto, não é uma convocatória, muito menos um artifício demagógico.
Assiste ao espectáculo quem decidir assistir e aceitar a responsabilidade dessa decisão. Interessa-me o teatro que resulta desse compromisso cultural, dessa demanda sóbria, porventura ancestral, que deve à tragédia grega e à comédia humana, os seus traços mais flagrantes.
As pessoas, creio que todos nós, repetimos padrões ancestrais que têm a ver com a natureza, as culturas, os mitos e crenças, a vocação e as circunstâncias; desse emaranhado resultam passos, caminhadas, percursos de vida que se entretecem.
Vejo a Garagem nessa missão de fazer teatro, de contar histórias, de nutrir o espaço público, como um pinheiro deixa escorrer resina para uma tigela de barro; a cola cívica, o perfume que vem.
Passos na Floresta é para ir descobrindo, como quem passeia na Floresta, uma Floresta feita de dor, graça, curiosidade e riso.
Agradeço-vos aqui e devolvo-vos aqui, as vossas palavras emprestadas. Se quiserem saber do resto, testemunhar o rosto de actores e personagens, venham assistir ao espectáculo.
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PASSOS NA FLORESTA, de 7 a 10 de Março de 2024. Quinta-feira, às 19h30, sexta-feira e sábado às 21h, domingo às 16h30, no Teatro Taborda.
"Quando te perdes na floresta, é a floresta que te encontra e te ensina o caminho de volta. Vai sem medo e aprende a ser livre." Carlos j. Pessoa
PASSOS NA FLORESTA, de 7 a 10 de Março de 2024. Quinta-feira, às 19h30, sexta-feira e sábado às 21h, domingo às 16h30, no Teatro Taborda.
Bilheteira: https://teatrodagaragem.seetickets.com/tour/passos-na-floresta
FICHA ARTÍSTICA E TÉCNICA
Texto: Carlos J. Pessoa
Encenação: Carlos J. Pessoa
Assistente de Encenação: Mariana Índias
Cenografia: Herlandson Duarte
Desenho e operação de luz: Luís Bombico
Operação de som e vídeo: Jorge Oliveira
Figurinos: Herlandson Duarte
Interpretação: Carolina Cunha e Costa, Gonçalo Lino Cabral, Nídia Cardoso, Rafaela Jacinto e Siobhan Fernandes
Fotografia e vídeo promocional: Vitorino Coragem
Comunicação: José Grilo
Design: Sara Kurash
Direção de Produção: Raquel Matos
Produção Executiva: Rita Soares
Produção: Teatro da Garagem
Apoio: Câmara Municipal de Lisboa, EGEAC, Junta de Freguesia de Santa Maria Maior
Financiamento: Direção-Geral das Artes, Governo de Portugal | Ministério da Cultura