Lonnie G. Bunch III em Portugal

Lonnie G. Bunch III em Portugal
Fotografia: Robert Stewart

Na conversa que terá lugar no dia 7 de janeiro (18:30, no Auditório Emílio Rui Vilar, na Culturgest), Racismo na Praça Pública: O Papel dos Museus em Conversas Difíceis, mas Necessárias,Lonnie G. Bunch III irá explorar a necessidade crítica dos museus de todo o mundo de trabalharem colaborativa e criativamente para recuperar e reconhecer os legados dolorosos do tráfico de escravos, de forma a promover justiça social e novas visões para o futuro.  

A moderação desta conversa estará a cargo de Paula Cardoso e Sofia Lovegrove - fundadora da comunidade digital Afrolink, e coordenadora assistente do programa International Heritage Cooperation na Agência do Património Cultural dos Países Baixos, respetivamente - e dá início a um simpósio mais alargado dedicado ao tema: Acertando Contas com o Racismo: A Memória Social do Comércio de Escravos, no dia 9 de janeiro (das 9:00 às 17:00, no MUHNAC-Lisboa).
Este simpósio de um dia irá divulgar novas direções para as instituições públicas se envolverem e lidarem com a história, memória e legados da escravatura e colonialismo em Portugal, na Europa e no mundo lusófono. 

Enquanto país europeu com o envolvimento histórico mais longo no comércio de escravos, e com um crescente apelo para um confronto público com este passado e seus legados, Portugal constitui um espaço crucial para abrigar uma discussão pública. Apesar da escravatura ter moldado o nosso mundo moderno, mantém-se um silêncio palpável nos nossos museus, memoriais e instituições públicas acerca desta história e respetivo património.

Investigadores, curadores, conservacionistas e profissionais dos museus de Portugal, Angola, Brasil, Moçambique, Países Baixos, Reino Unido, e Estados Unidos da América irão explorar questões importantes, catalisar conversas, e responder a perguntas sobre diversidade na participação, investigação, e representação deste passado e sua presença nas nossas questões atuais sobre justiça social e racial em contextos locais, nacionais e globais.

Ambos os eventos - que terão tradução simultânea - são realizados numa colaboração entre Culturgest - Fundação Caixa Geral de Depósitos, Museu Nacional de História Natural e da Ciência da Universidade de Lisboa, Museu da Cidade de Lisboa, Acesso Cultura, Batoto Yetu Portugal, e o Slave Wrecks Project - rede internacional abrigada pelo Museu Nacional Smithsonian de História e Cultura Afro-Americana, em Washington DC.

Sobre Lonnie G. Bunch III
Lonnie G. Bunch III é o 14.º Secretário do Instituto Smithsonian, o mais vasto complexo museológico do mundo. É o primeiro historiador a ser nomeado Secretário. Anteriormente, Bunch foi o diretor-fundador do Museu Nacional Smithsonian de História e Cultura Afro-Americanas que já recebeu mais de 8,5 milhões de visitantes desde a sua abertura em setembro de 2016. Em 2019, a criação do museu tornou-se o primeiro esforço Smithsonian a ser um caso de estudo da Harvard Business Review.

Enquanto autor amplamente publicado, Bunch escreveu sobre tópicos variados desde a experiência militar dos negros, a presidência americana e história afro-americana na Califórnia, diversidade na gestão de museus, e o impacto do financiamento e da política nos museus americanos. O seu livro mais recente, A Fool’s Errand: Creating the National Museum of African American History and Culture in the Age of Bush, Obama, and Trump, relata a criação do museu que se transformaria num dos mais populares destinos em Washington.

Entre as suas várias condecorações, foi nomeado pelo Presidente George W. Bush para o Comité para a Preservação da Casa Branca em 2002, e renomeado pelo Presidente Barack Obama em 2010. Em 2019, foi-lhe atribuída a Medalha da Liberdade, uma das quatro Condecorações da Liberdade do Instituto Roosevelt, pela sua contribuição para a cultura americana enquanto historiador e contador de histórias; a Medalha W.E.B. Du Bois do Centro Hutchins da Universidade de Harvard; e o Prémio Nacional de Justiça Igualitária do Fundo de Defesa Legal da NAACP. Em 2020, foi-lhe atribuído o prémio Dan David da Universidade de Tel Avive. Em 2021, a Sociedade de Historiadores Americanos atribuiu a Bunch o prémio Tony Horwitz honrando o distinto trabalho em história americana de vasto apelo e significado público. Em 2021, Bunch recebeu também a mais elevada condecoração francesa, a Legião de Honra.