Aquariofilia, uma paixão!
Quando fiz dez anos tive o meu primeiro aquário. Lembro-me como se fosse hoje. Foi feito pelo meu pai com a minha orgulhosa ajuda. Desde as medidas do móvel onde iria ficar no quarto, até à monta- gem e colagem final dos vidros emoldurados por bonitos frisos de madeira, tudo foi feito com uma paciência de outros tempos, nos anos em que a vida corria devagar… e com paixão, muita paixão por um mundo subaquático que tanto me fascinava já na altura, e que me acompanhou pela vida fora.
Depois veio o mais difícil. As primeiras experiências que correm quase sempre mal. Os peixes que morrem, as plantas que não se aguentam muito tempo, as limpezas para que tudo fique sempre bonito… tantas decisões difíceis e tantos erros evitáveis!... Mas se fosse fácil também não seria tão emocionante. A descoberta da informação certa, a busca incessante pelas técnicas que permitam melhorar o aspeto e a saúde do aquário são alguns dos condimentos necessários para esta atividade ser tão apaixonante.
Depois de alguns anos de experiência e estudo, torna-se numa par-e da nossa vida, sem a qual tudo é muito mais monótono e sem cor. Finalmente já se controlam os fatores de insucesso e o aquário torna-se num micro ecossistema em equilíbrio que tanto fascina e que não deixa de surpreender em cada dia que cuidamos dele ou simplesmente o contemplamos.
Há 17 anos nasceu o meu primeiro filho e, à noite, ele adormecia tranquilo no carrinho junto ao aquário, fascinado com as suas cores de peixes e plantas que bailavam ao som da água que corria à superfície. Era garantido que ali, nada falhava e o sono chegava sereno montado num sonho a cores que até a mim quase me adormecia.
Um aquário é, para mim, além de um cenário de beleza quase natural, difícil de igualar em nossas casas, também um modelo dinâmico de uma comunidade diversificada que fascina quem olha de repente, mas que prende para sempre quem para por uns minutos a observar com atenção as maravilhas de uma natureza tão distante do nosso mundo… e ali tão perto.
É ter a oportunidade de ter em nossa casa o seu próprio mundo subaquático, com os fascinantes peixes, plantas e invertebrados, as suas interações e convívios mais ou menos pacíficos, o momento mágico da reprodução com as dezenas de pequenas novas vidas que cuidamos com o máximo carinho e atenção para que tudo corra pelo melhor… Enfim, um sem número de coisas bonitas que nos prendem, e nos desprendem dos problemas de um dia de trabalho ou dos assuntos sérios da vida. Quem nunca teve um aquário, nem imagina como é bom ter esta terapia de longos silêncios coloridos.
A aventura começa logo na decoração. Seja criativo! No nosso aquário podemos ser ao mesmo tempo arquitetos e construtores, decoradores, paisagistas, tratadores e jardineiros. Como é fascinante criar novos mundos! Pedras, madeira, areia e cascalho numa variedade de formas e cores que oferecem infinitas possibilidades, o resultado é único em cada caso. E podemos mudar e evoluir sempre que quisermos.
Se as plantas podem contribuir para aumentar o teor de oxigénio na água pela fotossíntese, a sua principal função é decorativa. A seleção das melhores espécies de plantas aquáticas do ponto de vista estético tem de ser compatível com a sua sobrevivência. Esta vai depender sempre da qualidade química da água, da temperatura e da luz, sem esquecer algumas espécies de peixes que adoram comê-las.
Já em relação aos peixes, a variedade de formas, cores e comportamentos é enorme e, certamente, uma das principais razões para o fascínio de um aquário. Se falar- mos apenas nos aquários tropicais de água doce, aqueles que olham para o aquário como um lugar de relaxamento, podem facilmente criar um oásis de calma com os sossegados tetras, discos ou escalares. Ou então, podem escolher alguma animação extra com os barbos ou outros ciprinídeos, muito mais ativos. Se quisermos uma comunidade em permanente renovação com fácil e rápida reprodução, em que está sempre a acontecer algo de novo, podemos escolher entre as inúmeras espécies de peixes vivíparos, como os guppies, mollies, platies ou espadas.
Em suma, um aquário não é um ecossistema fechado. Para que ele se mantenha viável e bonito, é necessário introduzir alimento, efetuar limpezas periódicas, substituir parcialmente a água, usar um sistema de filtragem e mesmo aquecer a água no caso de peixes tropicais. Apesar disso, o principal objetivo do aquariófilo é conseguir atingir um equilíbrio do ecossistema, o que nem sempre é fácil atingir. É habitual ouvirmos dizer que os peixes morrem logo e que as plantas não resistem, o que leva muitas vezes a desistir deste passatempo. Há, no entanto, uma série de boas práticas e conselhos simples que podem mudar esta opinião e conseguir levar a bom termo esta atividade tão reconfortante, decorativa, educativa e fascinante. E para esse efeito, deixo aqui algumas dicas importantes.
Muito mais haveria a dizer sobre a aquariofilia e o seu mundo maravilhoso. Espero no entanto ter conseguido partilhar este meu gosto pessoal com os leitores, e de alguma forma encorajado alguns a experimentar. Vão ver que vale a pena!
Texto original por José Manuel Costa.