Comemoração do Centenário da Biblioteca Municipal de Coimbra

Comemoração do Centenário da Biblioteca Municipal de Coimbra
Fotografia: D.R.

Atualmente, é na Rua Pedro Monteiro que a BMC está instalada, desde 1993, inserida na Casa Municipal da Cultura. Mas a inauguração da BMC aconteceu a 24 de dezembro de 1922 (tendo aberto as suas portas apenas em janeiro de 1923), e é precisamente todo esse percurso histórico e cultural – um século de leitura pública – que vai estar representado na exposição documental e (in)formativa intitulada “Toma e Lê”, que assinala o arranque das comemorações do centenário, dia 01 de dezembro, mantendo-se patente até ao dia 25 de março de 2023, em dois distintos espaços da cidade: Sala da Cidade e Casa Municipal da Cultura.

A par da inauguração da exposição na Sala da Cidade, vai ter lugar uma cerimónia de obliteração, com o lançamento de um selo dos CTT comemorativo do Centenário da BMC. O carimbo do primeiro dia marca a entrada em circulação do selo postal que, a par com o lançamento de um subscrito postal, vai fazer a Biblioteca Municipal de Coimbra correr mundo.

A exposição está distribuída em dois núcleos expositivos, que apresentam um itinerário de leitura da história da Biblioteca Municipal de Coimbra (com recurso à imprensa local) dividido em dois períodos: “Da Ideia a 1993”, patente na Sala da Cidade, e “De 1993 à Atualidade”, exibido na Galeria Pinho Dinis (Casa Municipal da Cultura). “Toma e Lê” – Um Século de Leitura Pública pretende, a partir de uma revisitação da imprensa periódica de Coimbra, celebrar a vida e obra de uma “casa de leitura”, cuja história centenária não pode dissociar-se do processo contemporâneo de secularização da leitura e de democratização do conhecimento.

A intenção da CM de Coimbra é a de que a celebração do Centenário da Biblioteca Municipal de Coimbra deixe marcas que perdurem no tempo e que acrescentem valor à cidade, almejando que, no final de 2023, nenhum conimbricense desconheça que a Biblioteca Municipal de Coimbra se encontra “Desde 1922, No Coração da Cidade a Ler Consigo” – lema escolhido para que Coimbra comemore, coletivamente, os 100 anos da BMC.

Para além da exposição que inaugura um diversificado e abrangente conjunto de iniciativas culturais relativas à efeméride, que decorrem de 01 de dezembro de 2022 a 16 de dezembro de 2023, o relevante papel que a Biblioteca Municipal de Coimbra tem prestado à comunidade, vai ser potenciado através da implementação de um programa comemorativo multifacetado, abrangente, inovador e ambicioso (que ainda não está totalmente fechado, pelo que, em permanente construção) que se vai desenrolar em diferentes espaços públicos e culturais da cidade.

A programação vai trazer a Coimbra prestigiados nomes da criação literária portuguesa, como Manuel Alegre, José Luís Peixoto, José Fanha, Valter Hugo Mãe ou Richard Zimler, entre outros, desdobrando-se em múltiplas iniciativas de poesia, de teatro, de música, de dança, de cinema e de outras vertentes culturais e artísticas que contam com a colaboração de algumas associações locais e/ou organismos que se associam ao evento.

 

História da BMC

Quando foi inaugurada, nas vésperas de Natal do ano de 1922, a BMC estava destinada a colmatar a necessidade, há muito manifestada por grandes nomes da opinião pública coimbrã, de democratizar a leitura pública através da criação de uma “casa” aberta e acessível a todos, numa cidade que tinha já uma biblioteca universitária e onde proliferavam os espólios dos extintos colégios e conventos da cidade.

De facto, “provisoriamente” instalada (em 1922-1923) na galeria norte do Claustro do Silêncio – 60 anos depois (1993) a BMC acabaria por encontrar as suas instalações definitivas num local também ele historicamente vinculado à comunidade regrante de Santa Cruz – um terreno do Município situado ao cimo do Parque de Santa Cruz (atual Jardim da Sereia), outrora parte integrante da cerca do seu mosteiro.

No novo edifício, que abriu portas como Casa Municipal da Cultura, a BMC inicia uma nova etapa, marcada pela informatização e pela oferta de novos espaços/valências/áreas, num dinamismo crescente e contínuo de que se procura dar brevemente conta no Núcleo 2 da exposição. A Galeria Pinho Dinis patenteia a notória preocupação da BMC de, ao longo do tempo, diversificar a oferta dos seus fundos e corresponder aos interesses, gostos e necessidades dos seus leitores e utilizadores, não apenas do núcleo central do edifício municipal como, também, das bibliotecas anexas municipais, que integram a Rede Municipal de Leitura complementada pelo Bibliomóvel, valências que visam, sobretudo, fomentar a promoção do livro e da leitura junto das crianças e jovens.

Abraçando a ideia de que ninguém deve ficar para trás e que as bibliotecas são salas de estar para toda a comunidade, que não visam só promover o livro e a leitura, mas também (in)formação, cultura, socialização, democratização, encontro e lazer, procurou-se, ao longo destes 100 anos que, concomitantemente ao crescimento, enriquecimento e diversificação da sua oferta documental ocorresse a diversificação e descentralização das suas valências. Exemplo disso foi a criação, no ano 2000, de uma Rede Municipal de Leitura, constituída por oito bibliotecas anexas municipais e de um Bibliomóvel, que funcionam como bibliotecas de proximidade junto da comunidade (também escolar), bem como a biblioteca de jardim “Ler ao Cubo”, projeto iniciado em 2005, que favorece o desfrute de um espaço verde e de lazer como o Parque Verde do Mondego.

No seu longo trajeto, a BMC foi diversificando a sua oferta patrimonial e implementando novas valências, de acordo com as necessidades e exigências dos novos públicos. Foram criadas na BMC outras áreas que permitem o acesso público a fundos que não apenas o livro. É o caso da Imagoteca (criada em 1997, que possui um vasto acervo de Fotografia), da Fonoteca/Audiovisuais (a funcionar desde 2003, detentora de inúmeros fonogramas e registos audiovisuais), da Hemeroteca (que alberga um múltiplo e amplo conjunto de publicações periódicas impressas), do Braille (serviço de áudio leitura, dirigido à comunidade invisual) e da criação de outros serviços e núcleos específicos como a Biblioteca Infantil/Ludoteca (que assegura programação regular para a infância), do SABE (Serviço de Apoio às Bibliotecas Escolares), do Livro Antigo (criado em 2010, dedicado ao estudo do legado de António Luís de Sousa Henriques Seco), da Galeria de Doações (aberta em 2003, que promove o estudo das bibliotecas particulares doadas à BMC) e do Gabinete da História da Cidade.

Volvidos 100 anos, é possível afirmar que o concelho de Coimbra tem uma vasta cobertura no que concerne ao acesso gratuito ao livro e à leitura disponibilizando, via empréstimo domiciliário, um alargado e diversificado fundo documental atualizado, adaptado a todas as faixas etárias. Com muito mais de meio milhão de documentos, antigos e recentes, desde livros, jornais, fotografias, CD, DVDs, vinis, documentos em braille, mapas, cartazes, cartas, etc., a BMC atrai anualmente mais de 200.000 utilizadores, que recorrem aos seus serviços para consultar, estudar, requisitar, assistir a atividades, usufruir ou, simplesmente, fruir.

A mais-valia e riqueza da Biblioteca Municipal de Coimbra, por força do que oferece e da sua organização, resulta num equipamento e serviço municipal ativo, dirigido a todos os públicos, cuja área de influência abrange não apenas o núcleo urbano como as freguesias periféricas do concelho, que há muito conquistou presença na web, no site da CMC e nas redes sociais: Facebook e Instagram.