Dançar no miradouro ao pôr-do-sol
É a tradição. É a modernidade. A Ponte 25 de abril, que em 2016 comemora 50 anos, é a base do projeto “Pavilhão”, de Pedrita e Ricardo Jacinto, no Miradouro de Santo Amaro. A instalação consiste num painel de azulejos parabólico, baseado numa imagem espectrográfica da textura sonora da ponte, que decomposto em 2816 fragmentos vai funcionar como um espelho acústico, permitindo ao visitante focar a experiência daquela paisagem. É um dos projetos vencedores do open call “Criar Lisboa”, que durante o mês de junho vão transformar três miradouros da cidade.
No de Monte Agudo, o “Miratron”, de Luís Varatojo, promete fazer concorrência às discotecas lisboetas é um instrumento musical que converte os impulsos sonoros em luz, transformando o espaço numa inusitada pista de dança, e pode produzir uma imensa variedade de sons inspirados pela panorâmica ou tocar um repertório de música eletrónica original imaginada para o pôr-do-sol. O terceiro projeto é uma câmara escura à escala humana onde o espectador é convidado a entrar e contemplar a paisagem, representada por uma simulação. “A paisagem que é apresentada e projetada pelo Escópio provocará no espectador a sensação de estar diante, não de uma imagem, mas da realidade que ela simula”, explica a EGEAC sobre a ideia de Fernando Estevens e Marta Miguel, no Miradouro do Largo das Necessidades.
A presidente da empresa, Joana Gomes Cardoso, quer “uma festa de todos para todos, para retribuir a Lisboa o que ela nos oferece todos os dias”, daí que a EGEAC, a comemorar 20 anos, tenha desafiado 20 escritores e 20 ilustradores a desvendarem a sua cidade: o guia Ler e Ver Lisboa, a lançar no dia 8 de junho, durante a Feira do Livro, vai permitir aos lisboetas passear na capital com o seu autor favorito. O programa “Lisboa, Cidade Literária” começa a dia 4 de junho, com a Noite da Literatura Europeia, em vários espaços emblemáticos da zona do Carmo/ Trindade, onde entre as 19:00 e as 24:00 horas 14 atores portugueses vão ler excertos de obras de 10 escritores continentais.
No dia 11, Fernando Pessoa volta a perguntar a Mário de Sá-Carneiro: “se te queres matar, porque não te queres matar?”: a Casa que homenageia o poeta convida a uma visita em formato de áudio-teatro criada a partir da correspondência entre os dois artistas. Na tarde de 13 de junho, dia de aniversário de Pessoa, o mesmo espaço acolhe um recital e uma oficina para os mais pequenos, e à noite um concerto de apresentação do projeto ECHOS de Sofia Vitória, trabalho que parte dos textos em inglês do escritor.