Nova exposição encena e invoca a dissecação de corpos
O Centro de Arte Oliva (CAO), em S. João da Madeira, inaugurou no dia 4 de Março a exposição “Teatro Anatómico”, criada por João Sousa Cardoso e que analisa as relações entre a cultura visual, a antropologia e as políticas do corpo. Ficará patente ao público até 30 de Dezembro.
Esta é uma exposição inspirada no Teatro Anatómico de Pádua, em Itália, inaugurado em 1595 e o primeiro do mundo, um exemplo do progresso científico no estudo da anatomia, e modelo para os seguintes teatros das principais universidades da Europa.
“Teatro Anatómico” pretende, como informa o CAO, “dissecar e reflectir uma colecção complexa, sinuosa e orgânica, desalinhada do campo da arte contemporânea”, como é o acervo reunido por Richard Treger e António Saint Silvestre, ao longo de mais de 40 anos.
Esta exposição, com curadoria de João Sousa Cardoso, convida também a “uma experiência local dos sentidos que implica os corpos e a materialidade das imagens, no regime actual da economia virtual”, desafiando o público a pensar “a crueldade capaz de suspender os ciclos da barbárie”.
O CAO revela que “o percurso na exposição é marcado por um ambiente obscuro e um desenho de luz em alto contraste sobre as obras, remetendo tanto para um ambiente punk retro futurista como para as pinturas negras que Francisco de Goya realizou, com uma visão limitada, sobre a carne, os desastres da guerra e a magia, no fim de vida.
Doutorado em Ciências Sociais, pela Universidade Paris Descartes (Sorbonne), João Sousa Cardoso, curador da exposição, foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian (2005-2009). Dirigiu o “Teatro Expandido!” (2015), no Teatro Municipal do Porto. Realizou vários filmes. É professor na Universidade Lusófona. Escreve regularmente para o jornal Público e a revista Contemporânea.