Palácio Nacional de Mafra: 300 anos de magnificência

Palácio Nacional de Mafra: 300 anos de magnificência
Fotografia: Luís Pavão

O Palácio Nacional de Mafra é, por si só, um dos mais emblemáticos monumentos portugueses, erguido por ordem de D. João V, o rei magnânimo, no século XVIII. Foi esta ideia de grandeza que o levou a encomendar para o edifício os dois maiores carrilhões do mundo dessa época. Para isso recorreu a dois conceituados fundidores de sinos, Willelm Witlockx e Nicolaus Levache, ambos dos Países Baixos. Da mesma origem era De Beefe, que equipou os carrilhões com o maior conjunto conhecido de sistemas de relógios e de cilindros de melodia automática.

Estes equipamentos únicos vão ser restaurados em 2017, no ano em que o monumento comemora três séculos do lançamento da primeira pedra. “Assegurará a transmissão deste património único às gerações futuras, permitindo a fruição de uma das mais singulares expressões da música barroca europeia”, sublinha a responsável pelas relações externas do Palácio Nacional de Mafra, Isabel Yglesias.

O restauro, no valor de 2,3 milhões de euros, vai permitir ainda retomar a tradição dos concertos semanais, Ciclos de Música e workshops internacionais, com participantes de todo o mundo, bem como tornar Mafra “um centro de aprendizagem deste instrumento não muito comum em Portugal”, revela. A intervenção nos carrilhões é a mais importante das que vão ocorrer este ano e que incluem ainda a recuperação da pintura mural da Sala do Trono, que faz parte de uma campanha encomendada para Mafra pelo Príncipe Regente, futuro João VI, ao pintor Cirilo Volkmar Machado, a partir de 1796.

O programa das comemorações, iniciado em novembro último, inclui visitas à Tapada Nacional, conferências, lançamento de livros, concertos, encenação de uma peça de teatro, exposições e visitas subterrâneas a locais vedados ao público.

Isabel Yglesias destaca duas importantes exposições: As Lunetas da Basílica de Mafra, entre Matéria e Mensagem, uma nova visão sobre importantes pinturas do século XVIII, e Tratado à Obra, sobre os tratados de arquitetura existentes na Biblioteca do Palácio e a sua aplicação na construção do edifício, “com particular destaque para João Frederico Ludovice, arquitecto que dirigiu esta Real Obra”. A encerrar os festejos, há o grande concerto de 17 de novembro, com a Basílica ornamentada com os panejamentos do século XVIII.

O objetivo é acabar o ano com mais visitantes, dando sequência ao crescimento dos últimos anos. Em 2015 o Palácio Nacional de Mafra registou mais de 300 mil entradas, sendo o quinto mais visitado entre os monumentos, palácios e museus sob a tutela da Direção-Geral do Património Cultural (DGPC).

Os números positivos escondem um problema comum a tantos outros monumentos nacionais: a acessibilidade a todas as pessoas, imposta pelo decreto-lei nº163/2006, de 8 de agosto, que determinava um prazo de dez anos. “Temos como projetos prioritários para este ano a instalação de um elevador que torne acessível a todos a visita ao Palácio Nacional de Mafra e também a disponibilização de áudio-guias inclusivos para apoio à visita”, avança a responsável.