Exposição ‘MAR INTERIOR' inaugurada na Galeria Municipal de Montemor-o-Novo
No sábado, 20 de Maio, pelas 18h00, foi inaugurada na Galeria Municipal de Montemor-o-Novo, a exposição “Mar Interior”, da cabo-verdiana Jacira da Conceição, que estará patente até 17 de Junho.
Também foi um mar de gente, entre amigos, família e apreciadores do trabalho de Jacira da Conceição, que encheu a Galeria, em momentos de afecto, que se reflectiram nas palavras de Jacira, mas também do Vereador do Pelouro da Arte e Cultura, Henrique Lopes, que não foi parco no elogio à artista que, com o marido Pedro Conceição, são pessoas que o conquistaram, a nível artístico, mas também pessoal!
Jacira da Conceição, que vive e trabalha em Montemor-o-Novo, desde 2017, de forma simples e humilde, deixou as palavras serem levadas pelo coração, revelando estar muito feliz pela possibilidade de apresentar esculturas aos montemorenses e pelo convite que o município lhe endereçou.
Na cultura cabo-verdiana a cerâmica é uma prática de mulheres. Quando Jacira da Conceição trabalha o barro deixa que o seu corpo se invada de ancestralidade. “O silêncio dos gestos que dão forma, são a minha voz, o meu mar interior, que flui, que corre, que se agita, que se agiganta em carícias telúricas na orla do meu pensamento e grita”, refere a artista. No conjunto de esculturas que apresenta, explica Jacira da Conceição, “habita uma multiplicidade de espíritos. As suas bocas elevadas na direcção do céu, propõem um contacto com o indelével, com o abstracto, com mulheres do passado que lutaram para afirmar o direito de pertencer ao mundo, para se libertar. Estas obras, acrescentam ao meu trabalho a assimetria, o vinco, a imperfeição, a nudez e a intimidade de um abraço. Representam a minha interpretação da mulher, da sua figura enquanto humana, geralmente seguindo as curvas da coluna, ventre, cintura, cabeça ou cabelo. Além disso, e sobretudo, a sua forma de expressão é simbólica do corpo feminino. Através do gesto, da fragilidade e do próprio corpo, também ele território de muitas batalhas, eu me reinvento em silêncio. Não é por acaso que algumas esculturas têm duas ou três bocas e formas irregulares, são como silhuetas de corpos, num abraço de unidade esperando a chuva. Elas dançam, batucam, amam, vivem, são mulheres, são livres”.