Festival de Música termina com 200 crianças e jovens no palco

O 14.º Festival Internacional de Música de Setúbal terminou ontem com um concerto que juntou mais de 200 crianças e jovens no palco do Fórum Municipal Luísa Todi, num espectáculo que o presidente da Câmara Municipal, André Martins, considerou maravilhoso.
“Foi um espectáculo maravilhoso”, disse o autarca no final do concerto “No Colo da Tradição”, que, sob direcção musical de Pablo Orbina e perante uma plateia completamente lotada, juntou a Orquestra Sinfónica e o Coro do Festival Internacional de Música de Setúbal, organizado pela parceria formada pela autarquia, pela fundação The Helen Hamlyn Trust e pela A7M – Associação do Festival de Música de Setúbal.
A orquestra, formada por alunos das escolas de música reforçados por profissionais, juntou 50 elementos, enquanto o coro integrou 185 alunos do 1.º ao 6.º ano de escolaridade. O espectáculo contou com as participações da Academia Luísa Todi, da Academia de Música de Almada, dos conservatórios regionais de Setúbal, Palmela e Covilhã, do Coral Infantil de Setúbal e da Escola Profissional de Artes da Covilhã.
André Martins, que agradeceu à direcção artística, à A7M e ao The Helen Hamlyn Trust, salientou que o festival – este ano com o tema “Memórias e Tradições” – celebra “a riqueza do país em tradição e em cultura”, mas que trabalha “sobretudo para uma maior inclusão”, que é o seu “grande objectivo”, fazendo-o “através da música” e envolvendo os jovens das escolas e instituições do concelho.
“Para o ano vamos estar aqui outra vez. A música e a cultura são o caminho, mas a inclusão é para nós muito importante e atribuímos-lhe um papel determinante neste festival”, reforçou na cerimónia de celebração e agradecimento que se seguiu ao concerto, no sexto piso do Fórum.
A representante do The Helen Hamlyn Trust, Lucy O'Rorke, aplaudiu, por seu turno, de forma vigorosa o concerto de encerramento. “Uauuu! O que vocês criaram aqui no palco! A única coisa pela qual estou triste é por Lady Hamlyn não estar aqui, mas ela vai ver um filme que lhe vou fazer chegar”, afirmou.
No palco, Lucy O’Rorke considerou que o festival “foi incrível e teve muitos momentos memoráveis”, com o concerto de encerramento a ser “a cereja no topo do bolo”, enquanto na cerimónia seguinte salientou o “grande prazer” que teve por estar em Setúbal a “celebrar mais uma vez um festival tão especial”, que “desde 2011 junta a comunidade e as crianças”.
O presidente da A7M, Carlos Biscaia, admitiu ter ficado “esmagado” pela actuação das crianças e jovens no concerto de encerramento, no qual foi “difícil distinguir quem é profissional e quem é amador”, salientando que a actuação ao lado dos mestres permite às crianças crescerem.
No sexto andar do Fórum agradeceu à Câmara Municipal e ao The Helen Hamlyn Trust, “os dois pilares deste projecto”, por darem à A7M “os meios para realizar este festival”, aos dirigentes da associação, pelo trabalho voluntário “invisível, mas muito importante”, e aos “quatro parceiros desde a primeira hora, o Conservatório Regional de Setúbal, a Academia de Música e Belas Artes Luísa Todi, o Coral Infantil de Setúbal e a APPACDM”.
O director artístico do festival, Bruno Martins, pediu uma salva de palmas para todos os professores dos jovens que participaram no concerto e agradeceu aos seus pais, por permitirem a realização dos ensaios, “Obrigado a todos. Viva o Festival Internacional de Música de Setúbal, vivam estas crianças e estes jovens”.
Na posterior cerimónia no “rooftop” destacou o “trabalho colaborativo” realizado no festival, que no domingo teve “mais de 600 participantes” a passarem pela sala do Fórum Luísa Todi e 1800 espectadores nos três concertos que a maior sala de espectáculos de Setúbal acolheu no último dia.
No final da cerimónia, Academia de Música de Almada, Academia de Música e Belas Artes Luísa Todi, APPACDM de Setúbal, conservatórios regionais de Palmela, de Setúbal e da Covilhã, Coral Infantil de Setúbal, Orquestra Criativa de Santa Maria da Feira e Escola Primária Santa Ana receberam lembranças como reconhecimento da dedicação e trabalho prestado ao longo do ano lectivo.
O mesmo aconteceu com o Agrupamento de Escolas de Azeitão (EB de Vila Fresca de Azeitão e EB da Brejoeira), Agrupamento de Escolas Barbosa du Bocage (EB Barbosa du Bocage, EB dos Arcos e EB n.º3 do Montalvão), Agrupamento de Escolas Lima de Freitas (Escola Secundária Lima de Freitas e EB do Viso), Agrupamento de Escolas Luísa Todi (EB 2/3 Luísa Todi e EB do Bairro Afonso Costa), Agrupamento de Escolas Ordem de Sant’Iago (EB e Secundária Ordem de Sant’Iago) e Agrupamento de Escolas Sebastião da Gama (EB Aranguez e EB n.º8 do Bairro da Conceição.
Entre 7 e 11 de Maio, o Festival levou mais de uma dezena de iniciativas a vários espaços e equipamentos do concelho, incluindo concertos e masterclasses, proporcionando cinco dias de partilha cultural, com eventos que aliam artistas de renome do panorama nacional e internacional a projectos da comunidade local.
O tema escolhido para este ano, “Memórias e Tradições”, homenageou heranças musicais que atravessam gerações, para reforçar a identidade e memória colectivas.
Além do concerto de encerramento, outro momento alto do fim de semana foi, na noite de sexta-feira, 9 de Maio, também no Fórum Luísa Todi, o concerto “Carlos Paredes: a Música de um Povo”, dirigido por Vasco Pearce de Azevedo, com a Orquestra Sinfonietta de Lisboa, a Academia de Música e Belas-Artes Luísa Todi, a Academia de Música de Almada e o Conservatório Regional de Setúbal.
Na manhã de sábado, 10, Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual, o Museu do Trabalho Michel Giacometti acolheu duas sessões do espectáculo “Setúbal: Vozes da História”, de Aleksandar Zar e Ana Marques, que foi produzido no âmbito do projecto “Escutar a Diferença” e juntou mais de 60 participantes da APPACDM de Setúbal, Academia Luísa Todi, Conservatório Regional de Setúbal e Orquestra Criativa de Santa Maria da Feira.
No final do concerto, André Martins agradeceu à APPACDM, instituição com a qual “a Câmara Municipal tem muito orgulho de ser parceira”, e salientou que o festival “tem como objectivo central dizer que a música é das melhores formas de promover a inclusão”, afirmando que os responsáveis da autarquia se sentem “muito orgulhosos” por contribuírem para uma sociedade mais inclusiva.
“Vemos que o trabalho que é feito ao longo do ano com as instituições tem este resultado. Verificamos que as pessoas que têm alguma deficiência se integram perfeitamente e são reconhecidas pelas pessoas que trabalham na música”, disse.
Na noite desse dia, “Qatra Qatra Gota a Gota” juntou no Fórum Luísa Todi músicos oriundos do Alentejo, Extremadura espanhola, Afeganistão, Estados Unidos e Brasil. O concerto de Além Cabul teve como convidada especial Celina Piedade, com a sua voz e acordeão, e contou com a participação do Coral Infantil de Setúbal, do Coro e Grupo de Percussão da Academia de Música e Belas Artes Luísa Todi e das Vozes da União.