IV Congresso Transfronteiriço de Meteorologia e Alterações Climáticas
O IV Congresso Transfronteiriço de Meteorologia e Alterações Climáticas, realizado no dia 6 de Maio na Casa das Artes, em Arcos de Valdevez foi um sucesso a vários níveis. A participação de cerca de 150 congressistas foi um recorde face às edições anteriores e demonstra que a comunidade está cada vez envolvida e preocupada com as mudanças climáticas que estamos a viver. Segundo a organização, este evento atingiu dimensão internacional com participantes vindos da Galiza (Vigo e Ourense) e territórios nacionais mais longínquos como o Alentejo, Lisboa, Leiria, Viseu, Aveiro, Porto, para além de várias localidades do Minho.
Este IV congresso transfronteiriço também foi marcado por um momento significativo, a assinatura do protocolo entre a Autarquia de Arcos de Valdevez e o IPMA, formalizando a certificação da estação meteorológica do Centro Ciência Viva de Arcos de Valdevez.
O presidente da Câmara de Arcos de Valdevez, João Manuel Esteves, avançou com a constituição de uma rede integrada municipal de estações meteorológicas (RIMEM), distribuídas geograficamente por ambientes microclimáticos diferenciados pelo concelho. Este projecto pioneiro pretende estar ao serviço da comunidade e dos diferentes agentes locais (segurança, protecção civil, silvicultura, agro-pecuária, turismo, ambiente) e contribuir para a resiliência face às mudanças climáticas que estamos a sentir e, ao mesmo tempo ser uma ferramenta útil no âmbito do Plano de Acção Climática Municipal.
No quadro das comunicações apresentadas neste Congresso, a comunidade educativa assume estar empenhada em continuar a monitorizar as oscilações e tendências climáticas da região.
O Director do CENFIPE, José Carlos Fernandes, manifestou um grande orgulho nesta organização conjunta com a Autarquia de Arcos de Valdevez e com a parceria directa dos Agrupamentos de Freixo (mentor do Projeto) e do Agrupamento de Valdevez que passa a integrar a RIMEM – Rede Integrada de Estações Meteorológicas - desenvolvendo o Projecto VEZ METEO.
João Esteves, Presidente da Autarquia de Arcos de Valdevez, referiu que este é um projecto importante para a região, manifestou o seu agrado pelo sucesso do Congresso, actualidade temática e pertinência das intervenções, pelos projectos das Escolas existentes no terreno e sobretudo por estarmos a trabalhar em rede, triangulando informações e prestando um serviço à comunidade científica, económica e protecção civil.
O Presidente do IPMA, Jorge Miguel Miranda referiu que os registos alarmantes deste ano 2023 são sinais que fazem antever um Verão muito difícil e prolongado no tempo. Adianta que os cenários previstos exigem uma responsabilidade acrescida dos comportamentos individuais, uma vez que as entidades públicas poderão não ter meios de resposta atempada.
Isaac Gómez, subdirector Geral de Meteorologia e Alterações Climáticos apresentou o Plano Regional de Adaptação Climática que está a ser implementado na Galiza. A estratégia galega aposta das energias renováveis até 2050.
Susana Bayo, física investigadora da Universidade de Vigo, apresentou estudos dos anos 2021 e 2022 quanto a fenómenos meteorológicos extremos cada vez mais frequentes na Galiza. Os períodos de seca mais prolongados, as ondas de calor e Invernos mais suaves são uma realidade inimaginável, não faz muitos anos, e que agora exigem medidas drásticas de adaptação a um “novo” clima da região galega.
João Santos, geofísico da UTAD, entre os 1000 investigadores de alterações climáticas mais reconhecidos do mundo adianta que o noroeste da Península Ibérica apresenta um aumento evapotranspiração, trazendo balanços negativos de água no solo e recorrentes situações de secas mais severas. Defende ainda que sectores socioeconómicos importantes na região como a vitivinicultura (Vinhos Verdes), já se tem vindo a adaptar, mas que se terá de continuar e intensificar este esforço nas próximas décadas.
Adriano Bordalo e Sá do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto apresentou a influência dos impactos climáticos no aumento do risco bacteriológico na saúde pública. Revela que o aumento da temperatura do ar, solos e água, períodos cada vez mais frequentes de secas, inundações e de tempestades, estão a aumentar a densidade de microrganismos, incluindo a dos patogénicos.
Joaquim Alonso do IPVC, responsável da equipa que está a criar o Plano Municipal de Adaptação às Alterações Climáticas, defende a importância da consulta e participação pública para a sua implementação com sucesso.